Professor cria polêmica após contar ‘piada' que incita a violência contra mulheres e exalta discussão na PUC-RS

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Professor cria polêmica após contar ‘piada' que incita a violência contra mulheres e exalta discussão na PUC-RS

O que o professor Fábio Melo de Azambuja esperava ser apenas um ‘momento de descontração’, durante uma aula da cadeira de Direito Empresarial III, causou muita polêmica na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS). A informação foi primeiramente publicada pelo jornal Zero Hora.

O caso veio a público e viralizou nas redes sociais após o episódio ser relatado pelo aluno Luan Sanchotene, de 25 anos. Na sua página no Facebook, o estudante postou a passagem que envolveu o professor.

Ao jornal Zero Hora, Sanchotene explicou que Azambuja pediu licença para ‘contar uma piada’ e, como ninguém se opôs, ele soltou a polêmica frase. Ainda de acordo com o estudante, vários colegas riram da ‘piada’ que, tão logo postada no Facebook, repercutiu rapidamente.

“Me surpreendeu positivamente o fato de as pessoas se preocuparem com isso. Algumas pessoas ficaram constrangidas, mas, na hora, ninguém vai bater de frente com o professor, correndo o risco de ter algum prejuízo”, disse o estudante ao jornal gaúcho.

Na mesma postagem de Sanchotene há várias reações, a maioria delas reprovando a atitude do professor. Entretanto, várias alunas promoveram na manhã desta sexta-feira (24) um ato em favor do professor Azambuja, o qual, segundo a página do evento no Facebook, “por um comentário infeliz, está sendo crucificado”.

Uma aluna divulgou inclusive uma nota em defesa do docente.

Por outro lado, a integrante do Diretório Estudantil (DCE) da PUC-RS, Paula Volkart, classificou a ‘piada’ do professor como ‘misógina e machista’, uma verdadeira ‘apologia ao estupro’. “Depois disso, outras pessoas vieram até nós e relataram casos que aconteceram com o mesmo professor”, completou, em entrevista à Zero Hora.

No Facebook, Paula questionou a ‘piada’: “A cada 4 minutos uma mulher é estuprada no Brasil. Você acha isso engraçado?”, escreveu ela.

Em nota, a PUC-RS disse que uma apuração interna já está em andamento e que o professor será ouvido, para então as medidas cabíveis serem tomadas pela instituição. “A PUCRS e a Faculdade de Direito não compactuam com qualquer manifestação ofensiva”, completou a universidade. Por enquanto, o professor Azambuja não se pronunciou sobre o assunto.

Frase polêmica já foi usada antes

Em outubro de 2012, um membro do governo da Espanha acabou pedindo demissão após lançar mão da mesma ‘brincadeira’ utilizada pelo professor da PUC-RS. José Manuel Castelao Bragaño usou a frase “as leis são como as mulheres, existem para serem violadas” quando reivindicava a ata de uma reunião, na qual faltava um voto, informou o Opera Mundi. Na ocasião, ele disse ter sido “mal interpretado”.

No Brasil, uma frase parecida é atribuída ao ex-presidente Getúlio Vargas: “As Constituições são como as virgens, existem para serem violadas”. A declaração teria sido publicada em 1963 pelo Jornal do Brasil.

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