IMOL demora 84 horas, libera corpo errado e família vela e enterra outro

  • Campo Grande News
Funileiro foi encontrado morto aos fundos de oficina no Rita Vieira (Marcelo Calazans)
Funileiro foi encontrado morto aos fundos de oficina no Rita Vieira (Marcelo Calazans)

Os familiares do funileiro José Aparecido dos Santos, 49 anos, encontrado morto na tarde da última sexta-feira (24) na Capital, passaram um transtorno que jamais imaginaram. Não bastasse o fato de terem perdido o ente querido, eles sepultaram um estranho induzidos por erro cometido pelo IMOL (Instituo de Medicina e Odontologia Legal), que liberou o corpo de outra pessoa e somente 84 horas (mais de três dias) depois da localização do cadáver.

Segundo o micro-empresário e acadêmico André Luiz Brauna, 31 anos, irmão da vítima, a família está revoltada com o descaso. “Enterramos outra pessoa. Tem um estranho sepultado junto com o corpo de nossa mãe”, disse André lembrando que o desejo do irmão era "repousar" ao lado da mãe. Ele relata que o IMOL levou quase quatro dias para efetuar a liberação, sendo que o enterro já estava agendado.

“A morte foi na sexta-feira, mas só liberaram na noite de segunda-feira (24). Eles iriam autorizar apenas na quarta-feira (26), pois ainda aguardavam um exame de raio-x, mas fizemos o que foi possível para antecipar tudo”. Na manhã de terça-feira (25) houve o enterro, sem velório, apenas com homenagens no cemitério Santo Amaro. “Foi tudo rápido, avisamos os demais familiares e prestamos as últimas orações, acreditando que fosse meu irmão. O caixão estava fechado por causa do avançado estado do corpo”, relata.

Na quarta-feira, André e os outros irmãos foram informados pelo Instituto Médico Legal de que haviam enterrado a pessoa errada. “Não deram grandes detalhes, apenas pediram para que o caso fosse abafado. Disseram que foi um erro cometido por um estagiário, o que acho pouco provável, pois todo estágio deve ser supervisionado. É uma situação frustrante e bizarra. Jamais imaginávamos que algo assim pudesse acontecer”.

Inconformada com a situação, a família promete acionar a justiça por danos materiais e morais, levando em conta os prejuízos com o funeral e os demais transtornos causados.

Caso – O funileiro foi encontrado morto pela irmã na tarde de sexta-feira. Ele estava seminu, deitado em uma cama na casa que fica aos fundos da oficina que ele mantinha no Rita Vieira. A vítima era epilética e relutava em se medicar, tanto que os irmãos sempre o vigiavam, para que ele fizesse o uso correto dos remédios. Ele era casado, pai de três filhos, mas optou por morar sozinho, pois se sentia melhor assim.

“Ele tinha as crises (epiléticas) dele, mas sempre o monitorávamos. Na terça-feira, uma irmã o encontrou. Na quarta, ela ligou pra saber se ele estava bem e se tinha se medicado. Depois ninguém da família o viu. Na quinta-feira ele teria sido visto, bem, em uma padaria. Na sexta-feira, um cliente chegou à oficina e chamou por diversas vezes, mas José não saiu. Ai um vizinho falou para chamarem minha irmã. Ela foi ao local o encontrou morto”, relatou.

O Corpo de Bombeiros foi acionado e confirmou o óbito. Equipes da Polícia Civil e perito estiveram no local para fazer os levantamentos de praxe e recolher o corpo.

Comentários
Os comentários ofensivos, obscenos, que vão contra a lei ou que não contenha identificação não serão publicados.