Ética está em falta entre políticos, diz desembargador que afastou prefeito

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Desembargador Luiz Claudio Bonassini da Silva (Cleber Gellio / Arquivo Midiamax)
Desembargador Luiz Claudio Bonassini da Silva (Cleber Gellio / Arquivo Midiamax)

Ao decidir, entre outras coisas, pelo afastamento do prefeito e do presidente da Câmara Municipal de Campo Grande, o desembargador Luiz Claudio Bonassini da Silva lembra que a ética está em falta entre os políticos. Ele também compara as investigações em nível local com as da Operação Lava Jato, e conclui: “os atos de corrupção aqui praticados podem atingir dimensões compatíveis à extensão do pantanal”.

No bojo da Operação Coffee Break, Bonassini afastou Gilmar Olarte (PP) e Mario Cesar (PMDB) de seus respectivos cargos, mandou apreender 17 celulares e autorizou conduções coercitivas de 13 pessoas para prestarem depoimentos, sendo nove vereadores, um ex-vereador, além dos empresários João Amorim, João Baird e Fábio Portela Machinsky.

A suspeita: corrupção ativa e passiva visando a cassação de Alcides Bernal (PP). Neste sentido, o desembargador entende “estritamente necessária a adoção de medidas cautelares tendentes a proteger o patrimônio público, evitar a prática de novos delitos e aprofundar as investigações para garantir uma sadia produção de provas para esclarecer vez por todas os fatos que vêm gerando extrema instabilidade política, social e econômica em nossa capital”.

“O dicionário do cidadão, dos agentes políticos em especial, deveria iniciar por uma palavra mágica: ÉTICA. Dela decorre a observância de todos aqueles princípios consagrados pela Constituição, como a da moralidade e da impessoalidade. Ao que tudo indica, não é o que vem ocorrendo com grande parte dos agentes políticos, tantos são os exemplos de desmandos, desvios de conduta, prática de atos de corrupção em todos os níveis. Veja-se tantas operações em curso no país, em especial a mais emblemática, a ‘Lavajato’”, relata o desembargador.

Bonassini segue a análise: “as investigações iniciadas em nosso Estado, ainda que de menor proporção, já indicam que os atos de corrupção aqui praticados podem atingir dimensões comparáveis à extensão do pantanal”.

Antes de tomar a decisão, o magistrado encerra a análise lembrando de protestos da sociedade e das atribuições do Judiciário. “Vê-se a população nas ruas, bradando contra isso por não mais suportar o uso de cargos públicos para o favorecimento pessoal e o enriquecimento ilícito. É momento de o Poder Judiciário fazer a sua parte, contribuindo, dentro do que permite o sistema legal vigente, para estancar o quadro de impunidade e inoperância, que fomenta e estimula a corrupção”.

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