Quantas vezes você reclamou depois de ficar uma eternidade na fila do banco?

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Dona Amália sempre reclama pelos direitos e coleciona processos no Procon (Reprodução)
Dona Amália sempre reclama pelos direitos e coleciona processos no Procon (Reprodução)

Ninguém gosta de esperar, mas a rotina mostra que também é difícil encontrar alguém que goste de reclamar a sério, levando até as últimas consequências um direito que é garantido em lei. Esbravejar na fila, isso muita gente faz, mas quantos realmente reagem depois de, por exemplo, ficar horas para conseguir o que precisam no banco?

Depois de um dia útil, com muita coisa para resolver na agência, a justificativa de quem se incomodou, mas deixou por isso mesmo, é a falta de esperança de alguma coisa vai mudar. “Sempre demora muito, mas eu não costumo reclamar para não estressar”, afirma a auxiliar administrativa, Claudinéia Vasques, de 23 anos, já desacreditada.

“Não compensa não, isso nunca vai mudar”, comenta o motorista Alessando Tomás, de 24 anos. Ele acredita, ou melhor, não acredita mais que revindicar pode resolver o problema definitivamente. Para Alessandro, como depende do banco, é melhor aceitar o que é ofertado. É o senso comum, ficar na zona de "desconforto", se acomodar, até mesmo com o que incomoda.

Mas nem tudo está perdido. No ir e vir da porta giratória, sempre sai alguém que não desiste de tentar e alguns até colecionam processos no Procon (Superintendência da Orientação e Defesa do Consumidor). A aposentada Amália Araújo, 74 anos, é uma das pessoas que não têm tempo ruim na hora de reclamar. “Na lei é uma coisa, mas na prática é outra. E eu reclamo mesmo. Já fui até no Procon reclamar de problema com o banco. E acho que todas as pessoas que foram mal atendidas tem ir até a justiça procurar os seus direitos”, ensina.

Ela não quis dizer o nome do banco, mas contou que já foi destratada e por isso acionou a justiça. “Eles tiveram que fazer um documento pedindo desculpas”, garante. Ela deve ter a fama de encrenqueira, como tantas outras pessoas que partem para o ataque quando se sentem prejudicados. Mas não se intimida não, e lamenta que poucas pessoas têm a mesma postura na hora de exigir o que é de direito.

“O sul-mato-grossense que me desculpe, eu sou daqui também, mas quando se trata de ir para o 'abraço', buscar os direitos, ele inventa uma desculpa. É eu tenho que levar a filha no médico pra lá, eu tenho prova amanhã para cá e na maioria é mentira”, protesta a senhora que fala que sempre incentiva os amigos a reclamarem e explica como funcionam as leis.

“Se todo mundo reclamasse as coisas seriam melhores. Meu pai me ensinou desde pequena, cidadania a gente tem que ter em cima da regra”, conclui.

Mas as vezes quem reclama e busca pelos direitos também diz ser vitima da indiferença de quem deveria ajudar. "A última vez que a gente foi no banco esperou mais de duas horas. No próprio Procon acontece o mesmo. A gente chegou às 13h30, foi ser atendido às 15h30 e eles ainda mandaram a gente voltar outro dia, porque não tinham nenhum consultor disponível”, explica, revoltado, o técnico em enfermagem Marcelo Gonçalves, de 30 anos.

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