Bebê morre antes do parto e família acusa Hospital Universitário de negligência

Família diz que gestante foi até o hospital diversas vezes nos últimos dias, mas infelizmente o atendimento foi negado

  • Alexandre Duarte

No início da manhã de ontem (15), às 05h40, um bebê do sexo feminino nasceu morto no HU (Hospital Universitário) de Dourados. A família alega que o óbito é resultado de negligência do HU, que por diversas vezes negou atendimento à gestante e a mandou de volta para casa. O casal tem uma outra filha, de três anos, que a todo momento durante o velório perguntava se a irmã iria acordar.

A mãe da vítima, a dona de casa Josiele Lucas, 20 anos, diz que desde o dia 08 foi até o hospital pelo menos sete vezes, reclamando de dores e alegando estar em trabalho de parto. Contudo, os médicos reiteradas vezes disseram que ainda não era o momento do bebê nascer e a mandavam de volta.

Já o pai da criança, o caseiro Geigue Alves da Silva, 21 anos, diz que na madrugada de ontem a esposa teve dores mais intensas e então ele mais uma vez acionou o Samu, que rapidamente atendeu a ocorrência e a levou para o hospital. Chegando ao local a gestante foi logo encaminhada para a sala de parto, mas segundo o pai, a criança já nasceu morta, estava muito roxa e havia defecado dentro da bolsa, em um processo conhecido como ‘mecônio’, que caracteriza sofrimento fetal antes da morte.

Josiele diz que assim que entrou na sala de parto e o marido permaneceu na recepção, os enfermeiros começaram a ofendê-la, dizendo: “Para de se mexer, se você cair no chão vai ficar no chão”, disse.

Ainda de acordo com o pai, o ideal é que o parto tivesse sido realizado assim que os primeiros sintomas surgiram, na terça-feira passada. “Durante o pré-natal foi tudo bem, não apresentou nenhum problema. Esse povo não tem coração, um dia a mais para uma criança dentro da barriga da mãe é muito tempo. É muita falta de responsabilidade”, lamentou.

Em nota, o Hospital Universitário rebate as acusações, leia:

Segundo informações do setor de Obstetrícia do HU/UFGD, em todas as consultas anteriores à data do parto, a paciente foi examinada e não encontrava-se em trabalho de parto. Nestas avaliações, segundo a direção do setor, não havia intercorrências e estava tudo bem com a mãe e o bebê.

A paciente somente entrou em trabalho efetivo de parto na manhã de ontem (15), quando foi constatado o óbito fetal ANTES DO PARTO, situação em que a mãe e família foram informadas. A paciente foi encaminhada para o parto normal, situação usual em caso de natimortos.

Vale lembrar que o Hospital possui uma comissão de morte fetal e neonatal, que investiga todos os casos e que inclusive já foi acionada para investigar este atendimento. Sobre a data provável do parto (que, segundo o pai, deveria ser em 12 de outubro), a direção do setor explica que os médicos trabalham com previsão de datas, mas o parto pode ocorrer normalmente e sem riscos antes ou depois desta data.