Exclusivo: gravação comprova que vereador sugeriu envio de homossexuais para ilha

Vereador tentou desmentir reportagem da 94 FM, mas gravação comprova afirmações feitas por ele durante sessão (Divulgação)
Vereador tentou desmentir reportagem da 94 FM, mas gravação comprova afirmações feitas por ele durante sessão (Divulgação)

O polêmico discurso feito pelo vereador Sérgio Nogueira (PSB) na sessão de segunda-feira (15) na Câmara de Dourados foi gravado. Embora o parlamentar tenha divulgado nota oficial afirmando que a 94 FM distorceu suas falas sobre o envio de homossexuais a uma ilha, o áudio original comprova que ele disse com todas as letras o que foi reproduzido na matéria veiculada ontem sob o título “Vereador de Dourados sugere colocar homossexuais numa ilha por 50 anos”.

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“Eu respeito quem quiser fazer o que quiser do seu corpo, pode, pode fazer o que quiser, mas não venha me dizer que isso é normal e que a sociedade precisa agir assim. Basta colocar as pessoas que pensam dessa forma numa ilha. Coloca numa ilha. Deixa lá quem quer viver a sua homossexualidade lá numa ilha 50 anos, coloca duas ilhas, duas ilhas, 50 anos. Daqui 50 anos não tem mais ninguém”, afirmou o parlamentar em trecho do discruso.

Essa fala feita pelo vereador douradense faz parte do áudio original da sessão, obtido com exclusividade pela reportagem 94 FM. Essa gravação comprova a veracidade dos fatos narrados pela publicação e o respeito do Portal com os leitores. As gravações audivisuais da sessão também foram requeridas, mas a Câmara ainda não respondeu às solicitações feitas pela reportagem e por vereadores. Uma empresa filma todas as sessões, num contrato de meio milhão de reais.

Ouça o discurso:

O discurso do vereador, desde o início, pode ser conferido na íntegra:

“Eu tenho um segundo assunto, senhor presidente. Sou presidente da comissão permanente de Assistência Social dessa Casa de Leis. Sexta-feira eu chego no meu gabinete tem lá um convite para uma série de palestras que serão feitas aqui em nossa cidade para grupos distintos. E eu me preocupo muito com esse rumo dessas palestras que serão proferidas. Eu tentei ligar agora cedo para secretária de Assistência Social, minha amiga Ledi Ferla, para saber quem que vai dar essa palestra e qual é o teor dessa palestra. Porque na verdade, falar sobre homofobia é algo que todos nós concordamos. Nós somos contra, totalmente contra, não só nós vereadores, esse plenário, as pessoas que nos assistem na televisão, nós somos contra a homofobia, é crime. Mas nós não podemos passar a ideia de que o anormal é normal. De que aqui que eu aprendi com meu avô, com meu pai, que era errado, agora se passa a ser certo e tem se tornar regra. E aquilo que eu via que era certo se torna errado e aquilo que era errado se torna certo. Então nessa questão de passar orientações sobre homofobia, sobre como tratar esse assunto, eu quero saber como que vai ser feito isso aí. E como presidente da Comissão Permanente de Assistência Social eu não fui consultado. Chegou um convite e eu quero esse material. Sabe por que, senhor presidente? Porque existe um plano nacional dos direitos humanos três, deste governo que está aí no nosso país. E esse plano, lá no capítulo cinco, ele trata da desconstrução em linhas garrafais, desconstrução da família pensando na heterossexualidade. Ou seja, para esse governo a família ela tem que ser desconstruída no seu padrão normal, no padrão que nós conhecemos, a família tradicional, para dar lugar a outros conceitos de família, senhor vereador advogado Alan Guedes. E isso vem rasgar a nossa Constituição, rasgar ao meio dizendo que família é qualquer coisa. E família não é qualquer coisa. E eu aproveito aqui dessa tribuna para conclamar [uma parte vereador. Vereador, eu não vou tomar o seu tempo, mas eu quero te cumprimentar pelo seu pronunciamento, e não é só a Constituição, mas a carta magna de Deus que é a bíblia, parabéns], mas eu venho conclamar e eu sei que eles vão ficar sabendo e eles vão me ouvir, eu quero conclamar Dom Redovino, bispo da Diocese de Dourados, eu quero conclamar o meu amigo padre Crispim, para nós nos unirmos em defesa da família, porque não dá. Vem de cima para baixo, desconstruindo tudo, dizendo que tudo aquilo que nós acreditávamos agora é errado e aquilo que a gente julga por errado, ou seja, a prática do homossexualismo condenado nas escrituras sagradas agora se torna padrão comportamental. Eu respeito quem quiser fazer o que quiser do seu corpo, pode, pode fazer o que quiser, mas não venha me dizer que isso é normal e que a sociedade precisa agir assim. Basta colocar as pessoas que pensam dessa forma numa ilha. Coloca numa ilha. Deixa lá quem quer viver a sua homossexualidade lá numa ilha 50 anos, coloca duas ilhas, duas ilhas, 50 anos. Daqui 50 anos não tem mais ninguém. Por que? Porque a família é constituída de pai mãe, macho fêmea, homem mulher, e daí vêm os filhos. E eu tenho mais 10 segundos vou pedir mais um, senhor presidente, porque esse assunto está me causando já muito constrangimento e eu preciso falar sobre ele ainda neste um minuto que o senhor vai me dar. Eu perguntaria se qualquer um dos vereadores aqui, em sã consciência, podendo ser adotados, podendo escolher se adotado na idade da razão, seis anos, sete anos, dez anos, se optaria por escolher ser adotado por uma família de homossexuais. E vai aparecer amanhã no Progresso, e vai aparecer amanhã no Diário MS que eu sou contra a homofobia, que eu sou a favor da homofobia, eu não sou a favor. Eu quero colocar a população para pensar, para refletir, então não venha com esse negócio de adotar e tal, isso aí é contra os nossos princípios, os nossos valores, o nosso padrão, e vem agora casal lá adotar criancinha para colocar nesses pensamentos e nessa filosofia que nós não concordamos. Então eu peço aos vereadores com carinho que analisem e usem a tribuna também para falar sobre isso. Muito obrigado senhor presidente”.

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