Morto em perseguição, policial queria voltar para cuidar da mãe e casar

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César realizou o sonho de ser policial militar há um ano (Facebook/Reprodução)
César realizou o sonho de ser policial militar há um ano (Facebook/Reprodução)

Em 12 meses, a distância da família parecia mais desafiadora do que as tarefas da academia militar. No velório do policial militar Cesar Augusto Corvalan Machado, na manhã desta segunda-feira (03), a família conta com lamento o quanto o soldado estava contente por estar prestes a voltar para a Capital, depois de um ano morando em Dourados, longe de todos. Covarlan morreu na noite de domingo (2), durante uma perseguição a um criminoso.

Hoje (4) ele completaria 26 anos, e apesar da pouca idade, já tinha realizado um de seus maiores sonhos: "Mesmo contra a vontade dos meus pais, eu nunca vi ele dizer que queria ser outra coisa, queria ser policial. Ele explicou para a mãe, e ela aceitou, mas sempre dizia para ele tomar cuidado", contou a irmã de Cesar, Monica Corvalan.

O soldado chegou a prestar concurso para ser policial em São Paulo, mas os pais não o deixaram assumir: "A gente achava perigoso, por motivos óbvios, então ele tentou para Dourados", explicou a irmã.

A formatura na Polícia, em junho deste ano, conquistou a admiração da família pela profissão. Cesar deixava de ser aluno, e passou a ser soldado do Getam (Grupo Especializado Tático Motorizado).

Há 20 dias de completar um ano como policial, o soldado, que é natural de Campo Grande, estava morando no interior, mas já havia recebido a autorização para ser transferido para a Capital. "Aconteceu muita coisas nesses dias, ele já tinha dito que iria me pedir em casamento, estava muito feliz por voltar", conta a namorada de Cesar, Bruna D'Ascenção, de 19 anos.

Além do casamento, o plano de Corvalan era ficar perto da mãe. Ela está com câncer de mama e passa por tratamento. "Era difícil para ele, porque ele sempre queria cuidar de todos, estava sempre disposto a ajudar", disse Luiz Antônio, primo do soldado.

Apesar da perda, o que fica para os amigos é o exemplo de vida. "Ele era apaixonado pelo que fazia e queria fazer a diferença na polícia. Nunca se acomodou e não tinha medo dos riscos da profissão. Ele queria mostrar que era possível mudar a realidade", lembra a namorada do policial.

O caso - César Augusto Corvalan Machado, 26 anos, morreu, no início da noite deste domingo (2), ao tentar prender um suspeito, na Rua Coronel Ponciano, próximo ao Cemitério de Dourados.

Fábio Custódio, 28, empinava uma moto em frente a uma distribuidora de bebidas, no centro de Dourados, momento que policiais o avistaram e deram a ele a ordem de parada. O suspeito não obedeceu e fugiu do local.

Corvalan, que era do Getam (Grupo Especializado Tático Motorizado), fez acompanhamento tático do acusado. Ao chegar na Rua Coronel Ponciano, o PM perdeu o controle da moto depois de ser fechado por Fábio, e se chocou com uma lombada eletrônica no local. Ele sofreu traumatismo craniano, foi atendido pelo Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), mas não resistiu.

Fábio foi preso em flagrante e indiciado por homicídio doloso, quando há a intenção de matar.

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