Campo-grandenses são vítimas de falsa vendedora de roupas no Facebook

Uma vítima pagou R$ 400 e recebeu uma blusa, um palito de dente e uma moeda (Reprodução)
Uma vítima pagou R$ 400 e recebeu uma blusa, um palito de dente e uma moeda (Reprodução)

Pelo menos três campo-grandenses foram vítimas de uma suposta vendedora de roupas, que no Facebook se apresenta como Valéria Souza. Elas compraram várias peças de vestuário, mas os produtos não chegam ou decepcionam. A primeira compradora fez o depósito bancário na segunda-feira (17) e recebeu uma embalagem feita de papel 8 dias depois.

A equipe de reportagem do Jornal Midiamax conversou com as três mulheres, moradoras de Campo Grande, vítimas da suposta vendedora. Ela se apresentava como dona de uma loja fixa em São Paulo, capital, que vendia também as peças por meio da rede social, entregando em todo o país. Os preços eram muito atrativos, blusas de R$ 15 e shorts de R$ 20.

Na segunda-feira, a jovem de 26 anos, que é MEI (microempreendedora individual), depois de conversar com a vendedora e pedir informações como o número do CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica), que consta no nome de Valéria Souza, efetuou a compra. Ela depositou R$ 485 e a mercadoria deveria ter chegado no máximo até sábado (22). Ela recebeu uma embalagem na terça-feira (25), feita de papel. “Nem quis abrir, vou abrir só na delegacia”, afirma.

Já na quarta-feira (19) a radiologista, de 31 anos, fez compras no valor de R$ 350. A vítima efetuou o depósito e aguardou, mas os produtos não chegaram. No mesmo dia, a professora de matemática, de 32 anos, fez um depósito para a suposta vendedora no valor de R$ 1 mil e, até o momento, não recebeu a compra.

As vítimas fariam a compra por atacado, a preço de custo, para poder revender as peças e ganhar um dinheiro extra. A professora de matemática conta que até já tinha pedidos feitos. “Com que cara eu fico agora quando elas me perguntam das roupas. Fico constrangida”, disse.

O golpe

A golpista age sempre da mesma forma. Ela pede para que as clientes efetuem o pagamento em casas lotéricas, pois assim o depósito cai na conta na mesma hora. As três vítimas de Campo Grande, ao notarem que as encomendas demoravam a chegar, tentaram entrar em contato com a vendedora e foram bloqueadas do Facebook dela.

A radiologista, de 31 anos, chegou a conversar com a vendedora pelo WhatsApp. Ela disse que queria o dinheiro de volta e a resposta foi direta. “Comprou porque quis, ninguém te obrigou, beleza? Não faço devolução de peça, muito menos de dinheiro”, disse a vendedora.

Perfil falso

As vítimas se conheceram através do Facebook e de grupo do WhatsApp, onde várias outras compradoras afirmam terem sido enganadas pela vendedora. Elas conseguiram descobrir que o perfil no nome de Valéria Souza era falso e até o CNPJ passado pela mulher não era dela. A partir daí, as vítimas começaram a pesquisar e descobriram que o nome verdadeiro da golpista é Aline Gomes.

Todos os depósitos foram feitos no nome de um homem, chamado Arlindo Gomes de Jesus, que a mulher dizia ser o sócio dela, para que as vítimas não desconfiassem na hora de fazer a transferência do dinheiro. Até o momento, a informação é de que ele é marido da falsa vendedora.

O perfil no nome de Valéria Souza já foi excluído e reativado algumas vezes na última semana. Na segunda-feira (24), uma das vítimas foi até o banco e teve uma surpresa. “Fui informada que a conta do Arlindo foi aberta há exatamente um mês e que continuam caindo depósitos. Na mesma hora que cai o dinheiro, ele já saca”, afirma.

Outros casos

Os golpes de estelionato não foram aplicados apenas com compradoras campo-grandenses. A primeira vítima é moradora de Taubaté, cidade localizada no Estado de São Paulo. Ela passou pela mesma situação das outras mulheres e chegou a registrar boletim de ocorrência na 2ª Delegacia de Polícia Civil do município.

Uma moça de 26 anos, autônoma, moradora de Santos, no litoral paulista, também foi vítima. Ela fez a compra na terça-feira (18), no valor de R$ 600. A vendedora afirmou que ela poderia depositar R$ 400 e o restante quando recebesse o produto. A mãe da vítima foi até a lotérica, como combinado, e fez a transferência. Aline, que se passava por Valéria Souza, chegou a dizer que precisava do restante do depósito, porque tinha sido vítima de um golpe e uma cliente não pagou ela, fato que teria deixado o sócio irritado.

A moradora de Santos desconfiou e não fez o depósito com o restante do dinheiro. Alguns dias depois, a encomenda chegou e a mãe dela foi buscar. “Filha, se ela sofreu um golpe, nós sofremos 10 golpes, porque a caixa é muito pequena e parece estar vazia”, afirmou a mãe. Quando abriu a encomenda, havia dentro apenas uma blusa azul, uma moeda de 5 centavos e um palito de dente.

Indignada, a vítima entrou em contato com a golpista, que ainda tentou esclarecer a história e afirmou que devolveria o dinheiro, mas acabou também bloqueando ela das redes sociais e não deu qualquer explicação sobre o dinheiro.

Não há informação precisa de quantas pessoas foram vítimas da golpista. As mulheres foram orientadas a procurar a Polícia Civil e denunciar o caso de estelionato.

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