Em gravação que motivou prisão, Delcídio promete mesada e ajuda na fuga para Cerveró (ouça)

A prisão do senador Delcídio do Amaral (PT/MS) na manhã desta quarta-feira (25) ocorreu porque ele estaria atuando para barrar as investigações da operação Lava Jato, que apura corrupção na Petrobras. Uma gravação de áudio obtida pela 94 FM nesta tarde revela o diálogo entre o parlamentar e o filho de Nestor Cerveró, ex-diretor da estatal, no qual faz promessa de uma mesada para livrar-se de acusações comprometedoras.

Líder do governo Dilma Rousseff (PT) no Senado, Delcídio foi flagrado ao oferecer uma mensalidade de R$ 50 mil a Cerveró. A proposta foi feita ao filho do ex-diretor da Petrobras, Bernardo, e ao advogado Edson Ribeiro, que representa o executivo preso pela Polícia Federal em janeiro deste ano e já condenado a cinco anos de prisão por crime que envolve corrupção na Petrobras.

De acordo com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki, que autorizou a prisão do senador, a Procuradoria-Geral da República relatou que a proposta de Delcídio tinha por objetivo evitar que Cerveró fechasse acordo de delação premiada. Em último caso, o executivo não citaria o parlamentar em futuros depoimentos.

A mesada mensal seria paga para familiares de Cerveró, disfarçada de honorários advocatícios pagos por André Esteves, dono do banco BTG Pactual, que também foi preso nesta manhã.

Audacioso, Delcídio ainda prometia conseguir um habeas corpus para Cerveró junto ao STF. Em seguida, conforme propunha, auxiliaria o ex-diretor da Petrobras numa fuga do Brasil que teria o Paraguai como rota.

Embora tentadoras para um executivo preso e condenado, as propostas do senador parecem não ter convencido, já que o filho de Cerveró gravou o diálogo de 1 hora e 35 minutos e entregou às autoridades. Essa atitude rendeu ao ex-diretor da Petrobras um acordo de delação premiada que deverá aliviar o peso da Justiça numa próxima condenação.

O áudio completo com o diálogo entre Delcídio, Bernardo e o advogado Edson Ribeiro pode ser conferido abaixo.

Ouça:

Comentários
Os comentários ofensivos, obscenos, que vão contra a lei ou que não contenha identificação não serão publicados.