Microcefalia deixa gestantes em pânico por causa de criadouros do Aedes aegypti em Dourados

Levantamento divulgado hoje pelo Ministério da Saúde diz que a cidade está em alerta para infestação do mosquito

  • André Bento
Imagem encaminhada por leitor da 94 FM mostra água acumulada em terreno tomado pelo mato na Rua Iguassu, no BN... (Reprodução)
Imagem encaminhada por leitor da 94 FM mostra água acumulada em terreno tomado pelo mato na Rua Iguassu, no BN... (Reprodução)

Há um temor generalizado entre grávidas de todo o Brasil por causa dos recentes registros de microcefalia em bebês cujas mães foram infectadas pelo Zika vírus. Transmitida pelo Aedes aegypti, mesmo vetor da dengue, a doença tem sido relacionada pelas autoridades sanitárias ao nascimento de crianças com cérebro menor do que o normal. Em Dourados, um caso em investigação tem deixado as gestantes em pânico.

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O medo das grávidas douradenses cresce porque mesmo ciente dos riscos causados pela presença do Aedes aegypti, o poder público local tem sido omisso em casos de denúncias sobre criadouros do mosquito transmissor da doença.

Num caso recente comunicado à 94 FM, o CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) ignorou o chamado de moradores do BNH 2º Plano que alertam para a existência de um criadouro do Aedes aegypti num terreno particular localizado na Rua Iguassu. Cercado por muro, o espaço está tomado pelo mato e tem uma piscina ainda cheia d’água, o que oferece as condições ideais para a proliferação do temido mosquito.

Na vizinhança, há um verdadeiro pânico entre gestantes. E não é para menos, já que no dia 11, o médico Claudio Maierovitch, diretor do Departamento de Vigilância de Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, chegou a recomendar que os casais adiem os planos de gravidez. O alerta foi feito quando as autoridades constataram a epidemia de microcefalia no Nordeste do país e sua relação com o Zika vírus.

Embora esses casos tenham sido apurados longe de Mato Grosso do Sul, não é descartada a possibilidade de que a doença avance. Até porque o Aedes aegypti está cada vez mais presente em Dourados, como mostrou o Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti (LIRAa) divulgado nesta terça-feira (24) pelo Ministério da Saúde (clique aqui para ver).

Conforme o levantamento, na contramão do Estado, que apresenta índice de infestação predial (IIP) satisfatório – pela avaliação do Ministério da Saúde -, Dourados já está em alerta, com IPP 1,7, acima até mesmo dos 0,7 apurados em Campo Grande.

Em detalhes, o LIRAa aponta que Dourados teve seis focos do Aedes aegypti em armazenamentos de água, 20 em domicílios e 36 em lixo. O terreno já mencionado nesta matéria, que tem deixado em pânico grávidas residentes do BNH 2º Plano, reúne essas três condições propícias à proliferação do mosquito transmissor da temida doença.

Reprodução
Levantamento divulgado hoje pelo Ministério da Saúde coloca Dourados em alerta

Mesmo assim, até o momento o CCZ, responsável legal por identificar tais problemas e saná-los, sequer vistoriou o local. Essa omissão do poder público local ocorre justamente na mesma época em que o município investiga o primeiro caso suspeito de microcefalia provocada pelo Zika vírus numa gestante.

Trata-se de um caso que chegou ao conhecimento das autoridades sanitárias do município no dia 20 de novembro. De acordo com nota informativa divulgada pela Prefeitura de Dourados na semana passada, “uma criança de aproximadamente 50 dias de vida, cuja mãe é moradora de Dourados” “nasceu com microcefalia”, doença que ainda tem as causas investigadas.

A Vigilância Epidemiológica de Dourados garante que não há casos suspeitos do Zika vírus no município cuja Vigilância Epidemiológica tenha conhecimento. Informou ainda que a mãe da criança que nasceu com microcefalia “esteve no Estado de Rondônia entre os dias 18 a 24 de abril desse ano e que logo depois apresentou sintomas como febre e exantema (machas pelo corpo)”.  

CCZ vai resolver 

Em contato com a reportagem da 94 FM na tarde desta terça-feira, a coordenadora do CCZ em Dourados, Rosana Alexandre da Silva, informou que o proprietário do terreno mencionado na matéria já foi notificado. Segundo ela, na quarta-feira (25) o terreno será vistoriado e caso as autoridades encontrem larvas do mosquito, será aplicada multa ao responsável.

Rosana garantiu ainda que o CCZ fará o trabalho de bloqueio químico não apenas no terreno, mas em toda a região. O objetivo, além de eliminar eventuais focos do Aedes aegypti e impedir sua proliferação, é manter a população tranquila.

*Notícia editada às 17h05 para acréscimo de informações com a manifestação do CCZ.

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