Bala envenenada pode não ter sido a causa da morte de adolescente

  • Extra/Globo
A adolescente Lorrana Madalena - Foto: Arquivo pessoal
A adolescente Lorrana Madalena - Foto: Arquivo pessoal

A Polícia Civil investiga se o que causou a morte de Lorrana Madalena da Luz Manoel, de 14 anos, pode ter sido provocada pelo lanche que ela comeu horas antes de morrer. Os investigadores da 64ª DP (São João de Meriti) estiveram ontem na barraquinha de sanduíches da família da menina e fizeram uma perícia. Eles querem saber se houve algum tipo de procedimento irregular que possa ter culminado no envenenamento da estudante. Policiais trabalham com outras hipóteses além do possível envenenamento por uma bala, após a jovem receber o doce de uma mulher num trem da SuperVia que seguia para Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.

Inicialmente, havia uma suspeita de que ela teria morrido ao consumir o doce. Entretanto, após diversos depoimentos, a polícia descobriu que a jovem tomou remédios, chá fitoterápico e chegou a comer um sanduíche antes da morte. Assim, os investigadores começaram a colocar de lado a história de bala envenenada. O corpo de Lorrana será enterrado hoje, às 14h, no Cemitério Tanque do Anil, em Duque de Caxias.

A Polícia Civil diz que seria pouco provável a morte com veneno em uma bala.

— Uma bala não caberia uma quantidade de veneno para matar uma pessoa. E caso houvesse, de fato o material na bala, ela teria tido uma morte instantânea. A criança morreu horas depois. Estamos investigando se ela comeu alguma coisa a noite e se isso causou a morte — disse um investigador.

Ontem, por mais de duas horas, a vendedora Gisele José da Luz, de 32 anos, mãe da menina, prestou depoimento na delegacia que investiga o caso. A mulher garante que a filha foi envenenada dentro do trem do Ramal Saracuruna. Ela também pediu para a polícia identificar e punir a pessoa responsável pela morte de sua filha. A menina morreu na UPA do Jardim Íris, em São João do Meriti, na madrugada da última terça-feira, horas após dar entrada.

— Eu só quero a minha filha de volta. Eu não aceito o que fizeram. Foi uma vida interrompida. Tem que investigar quem foi essa pessoa. Olha o meu sofrimento, olha o sofrimento da minha família — afirmou Gisele.

Ontem, na casa da família — no Jardim Meriti — os parentes eram o retrato do desespero e não aceitavam a morte precoce da menina. Durante todo o tempo, a mãe de Lorrana acariciava o uniforme da criança e seus cadernos, em um quarto pequeno da casa de dez pessoas.

A Supervia informou que “não é possível afirmar que a menina estava dentro do trem” quando recebeu a bala, e que é a Polícia Civil que tem que provar se a menina estava ou não numa composição.

‘Vítima morreria em segundos’, diz legista

De acordo com a Polícia Civil, o exame de toxicologia feito em Lorrana poderá apresentar resultado positivo ou negativo. Isso porque que a adolescente foi medicada duas vezes e passou por um procedimento de lavagem estomacal. Esse último poderá alterar o resultado. Os investigadores já sabem que Lorrana tomou dipirona e um chá fitoterápico.

O delegado Vinicius Domingos, da 64ª DP, disse que durante todo o dia de ontem, agentes estiveram na Supervia e requisitaram imagens de trens. Eles também estiveram na barraca onde Lorrana comprou dois lanches. O local, que é de parentes da jovem, passou por uma perícia e os agentes procuraram por algum tipo de remédio para rato, como chumbinho. Além disso, investigadores ouviram parentes da jovem.

O perito legista aposentado Levi Inimá de Miranda descarta a probabilidade de que uma bala possa ter matado Lorrana.

— Se a pessoa tivesse colocado uma grande quantidade de veneno na bala o sabor do alimento seria modificado e a jovem teria sentido a diferença — explica o especialista.

Segundo Miranda, existem maneiras de pessoas serem envenenadas sem sentirem, mas isso levaria um tempo. Uma pequena dose de um determinado veneno não seria suficiente para a morte. Entretanto, se fosse veneno de rato ou radioativo, a menina morreria em poucos minutos. Perguntado se um veneno para rato poderia levar até sete horas para fazer efeito, Miranda é categórico:

— É pouco provável. Ele é instantâneo. Caso houvesse chumbinho na bala, a vítima morreria em minutos.

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