Em perfil psicológico, Polícia descreve ex-mulher de subtenente como “dissimulada e inteligente”

Dissimulada e inteligente, ao ponto de elaborar uma resposta falsa com rapidez. É esse o perfil psicológico que a Polícia Civil descreve para Cristiane Coelho, indiciada na última quarta-feira (14) pelo assassinato do próprio filho e envenenamento do ex-marido, o subtenente Francilewdo Bezerra, na tentativa de incriminá-lo.
A polícia concluiu que Cristiane mentiu durante toda a investigação, que durou cinco meses, e que é a culpada pela morte de Lewdo Ricardo, 9 anos, crime ocorrido na madrugada do dia 11 de novembro de 2014. “Não temos a menor dúvida que foi ela a administradora e a manipuladora do veneno”, explicou o perito Luiz Rodrigues.
Para ele, Cristiane subestimou o trabalho dos investigadores, tentando confundi-los. Durante as duas reconstituições do caso, Luiz reparou que não havia sentimento de compaixão na mulher, mas uma profunda indiferença, o que seria um indício de que ela estaria mentindo.
O delegado do caso, Wilder Brito, ressalta que Cristiane é formada em Educação Física e, por isso, sabe o básico de anatomia e bioquímica, o que facilitaria o crime com o uso de veneno. A mulher usou chumbinho (veneno para ratos) para matar o filho autista Lewdo Ricardo, de nove anos, e tentar matar o marido Francilewdo Bezerra. Além disso, ela é formada em Radiologia, conhecimento que seria utilizado para a elaboração dos ferimentos de uma suposta agressão, já que ela sabe identificar melhor os níveis de violência.
Wilder enfatiza que Cristiane é uma mulher bastante inteligente, que lê muito e se autointitula poeta. “Ela está ligada lendo tudo [notícias sobre o caso] para preparar uma defesa”, supõe.
Indiciada por homicídio
A ex-esposa do subtenente foi indiciada por homicídio triplamente qualificado. De acordo com o Código Penal, Cristiane pode pegar de 12 a 30 anos de prisão, em regime fechado. O tempo da pena pode aumentar de acordo com os agravantes.
A polícia acredita que Cristiane quis matar o filho por ele apresentar um grau de autismo elevado e sem progresso, o que poderia ser um peso para sua vida. A tentativa de assassinato do marido ocorreu para incriminá-lo e, assim, ela se livrar da culpa. Dessa forma, Cristiane ainda ficaria com a pensão do marido, além do seguro de vida.
Os peritos chegaram a conclusão após analisar tecnicamente o que aconteceu antes do crime. Na tarde do dia 10 de novembro, Cristiane realizou várias pesquisas sobre “como envenenar uma pessoa com chumbinho”. Ela também já havia pesquisado no dia 29 de outubro, duas semanas antes, sobre “veneno para ratos”.