Mãe de crianças mortas em Paraty não lembra do incêndio; polícia espera ouvi-la

  • Extra/Globo
O fogo no primeiro andar da residência - Foto: Wesley Guedes / Facebook
O fogo no primeiro andar da residência - Foto: Wesley Guedes / Facebook

A mãe das três crianças mortas durante o incêndio em um casarão em Paraty, Costa Verde do Rio, teve uma melhora no quadro de saúde. A jovem Dara de Almeida Santos de Souza, de 25 anos, inalou muita fumaça e está internada no Hospital Praia Brava, em Angra dos Reis. Segundo a família, que visitou Dara neste domingo, ela não corre mais risco de morte. No entanto, a mulher ainda não lembra o que aconteceu no dia do crime e nem sabe da morte dos filhos.

— Hoje (domingo) o pai conseguiu vê-la e ela estava acordada, tossindo muito. Ela não perguntou pelas crianças, não lembra de nada do que aconteceu naquele dia. A Dara disse que queria ir para a casa dela, parece que não lembra do incêndio. Ela está melhor, fora de perigo, graças a Deus. Não sabemos quando vamos contar para ela que os seus três filhos morreram. O médico pediu para esperar mais, talvez depois dela sair do CTI — explica um tio de Dara, que preferiu não ser identificado.

Ainda de acordo com a família de Dara, ela tem um ferimento no rosto e arranhões nos braços, "como se tivesse apanhado". Ela foi encontrada pelos bombeiros dentro do banheiro da casa, socorrida no Hospital municipal Hugo Miranda, em Paraty, sendo depois transferida para o Hospital de Praia Brava, onde está internada há quatro dias.

A Polícia Civil aguarda Dara ter condições de falar para poder ouvir seu depoimento. O titular da 167ª DP (Paraty), delegado Marcelo Russo, que investiga o caso, diz que, até agora, a equipe médica avalia a paciente como "impossibilitada de falar". Ela teve grande parte do pulmão afetada, assim como as vias aéreas superiores.

— Primeiro, nós entraremos em contato com os médicos para saber se ela já pode falar. Confirmada essa condição, uma equipe irá até a unidade para ouvi-la ainda no leito do hospital — afirma o delegado.

A polícia vai pedir a prisão preventiva de Fernando Evangelista, de 36 anos, detido como autor do incêndio e transferido para a Cadeia Pública Franz de Castro, em Volta Redonda, Sul Fluminense. Nesta segunda-feira, ele será apresentado ao juiz em uma audiência de custódia para decidir sobre a prisão. Na avaliação da polícia, o crime foi premeditado. O delegado conta que, dois dias antes do incêndio, ele já indicava que poderia incendiar a casa onde moravam.

— Ele não chorou, não se arrependeu. Foi motivado pelo ciúme, queria se livrar das crianças e ficar apenas com Dara. Tanto que deixa ela protegida dentro do banheiro da casa, resguardada do fogo. Ele esteve na casa da sogra, na quarta-feira anterior, e disse que um dia chegariam em casa e veriam os bombeiros com todos mortos. Na minha convicção, premeditou o crime. Ele criou uma história que, lá na frente, o isentasse da responsabilidade — explica.

Fernando tem uma passagem na polícia. Agora, ele responde por crimes com penas que podem chegar a mais de cem anos: três homicídios qualificados por emprego de fogo e ampliados pelo fato das vítimas terem menos de 14 anos; tentativa de feminicidio contra a mãe das crianças, hospitalizada, com dolo eventual; e ainda pelo crime de incêndio em local habitado.

O sepultamento dos irmãos Marya Alice de Almeida Santos da Conceição, de 4 anos, Cauã de Almeida Santos da Conceição, de 5, e Marya Clara de Almeida Santos, de 7, reuniu cerca de 150 pessoas no Cemitério Municipal de Paraty, na tarde deste sábado.


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