Moradores querem que padre "abaixe volume" do sino em igreja de Votuporanga (SP)

Uma música de 15 segundos antecede as pancadas das horas, que saem das duas torres da igreja, que existe há 70 anos.

  • Do Uol José Bonato, Ribeirão

O badalar do sino da igreja matriz de Votuporanga (521 km de São Paulo) virou caso de polícia. Incomodados pelo barulho, moradores fizeram um boletim de ocorrência contra o padre Gilmar Antônio Magotto, 42, por perturbação do sossego, prática caracterizada como contravenção penal e que prevê pena de 15 dias a três meses de prisão caso o réu seja condenado. Depois de ficar sem tocar por 15 anos, o sino voltou a soar diariamente desde 2012, de hora em hora, das 7h às 22h.

Magotto afirma que restabeleceu a música do relógio da igreja a partir de pedidos de moradores, há um ano, quando assumiu a administração da paróquia de Votuporanga. Uma música de 15 segundos antecede as pancadas das horas, que saem das duas torres da igreja, que existe há 70 anos. Às 18h, também diariamente, a igreja executa uma “Ave Maria”.

Segundo o advogado do padre, Douglas Teodoro Fontes, 31, na verdade não é o sino da igreja que badala, mas um equipamento eletrônico que simula o som do sino original, que foi “aposentado” porque soava muito alto. O equipamento eletrônico estava quebrado e foi consertado pelo padre. “A população sentia falta, porque as pessoas se orientavam no dia a dia pelas pancadas do relógio da igreja. O volume do som desse equipamento é até baixo.

E nós queremos ver com o fabricante se abaixamos ainda mais depois dessa reclamação”, disse o advogado. Leia mais Sino centenário badala 24h em igreja no centro de São Paulo e irrita moradores 16 mil a favor Na última segunda-feira (4), houve uma tentativa de acordo entre as partes no Juizado Especial de Votuporanga, mas sem sucesso. “Foi proposta uma transação penal ao padre para a suspensão do processo. Nós recusamos, pois não há crime algum”, afirmou o advogado. De acordo com Fontes, foram três moradores já idosos e que moram perto da igreja que se queixaram contra o repicar do sino. Um deles já teria desistido da ação.

“Quem reclama é uma minoria. Um abaixo-assinado a favor da igreja teve a assinatura de 16 mil pessoas, de várias partes da cidade.” A secretária Janaína Alves Rios, 30, afirmou que gosta da música do relógio da igreja, que, na opinião dela, deve ser mantida da forma como está. “Não acho que o som seja alto. Acho útil porque a gente fica sabendo que horas são.” A mesma opinião tem a diarista Kátia Francisca de Azevedo, 39. “Não tem problema nenhum com o sino.

Não conheço ninguém que se sente aborrecido com ele. Nem quando estou perto da igreja o barulho incomoda”, disse. A identidade dos autores da queixa contra o padre não foi informada nem pelo Ministério Público nem pelo Juizado Especial no qual tramita a ação criminal. O padre afirma que ficou chateado com ação contra ele, mas que está mais tranquilo agora devido ao abaixo-assinado em favor de sua iniciativa.