Seminário na Câmara comemora Dia Mundial do Rim

  • Agência Câmara

Estima-se que entre 10 milhões e 15 milhões de brasileiros tenham algum grau de comprometimento dos rins, mas aproximadamente 100 mil pessoas já têm doença renal crônica, ou seja, perderam de forma irreversível as funções dos rins e precisam ser ligados a uma máquina para sobreviver.

O envelhecimento da população, a diabetes, a hipertensão e o sobrepeso estão provocando o aumento do número de pessoas com doenças renais a cada ano.

Essas informações foram divulgadas no 3º Seminário "Prevenção da Doença Renal Crônica", realizado na quinta-feira (13) na Câmara dos Deputados, para lembrar o Dia Mundial do Rim, 13 de março.

Os rins são os órgãos responsáveis pela filtragem do sangue. Quando eles estão comprometidos, o doente renal crônico precisa se submeter a um transplante ou fazer hemodiálise para sobreviver.

Hemodiálise
Durante a hemodiálise, que substitui a função do rim, o paciente é ligado a uma máquina que filtra artificialmente o sangue, retirando-o e devolvendo-o ao corpo da pessoa.

Cada sessão de hemodiálise dura entre quatro a seis horas, e deve ser feita pelo menos três vezes por semana.

Essa rotina faz parte da vida de Alfredo Duarte, morador do Rio de Janeiro e corretor de seguros aposentado. Ele convive com a doença renal há 20 anos.

Foi submetido a um transplante de rim há 10 anos e vai ter que passar por outro. Enquanto isso, Alfredo Duarte tem que fazer hemodiálise: "Descobri a doença já em fase terminal.

Meus rins já estavam totalmente perdidos.” Duarte atribui o problema a falta de uma política que mostrasse o que precisava ser feito.

“Eu era hipertenso, não cuidei da minha hipertensão. Fui negligente comigo mesmo, mas não sabia disso.

A maioria das pessoas que são hoje hipertensas não sabem o risco que estão correndo: por hipertensão, podem perder o rim."

Problemas dos pacientes
Durante o seminário realizado na Câmara, as associações que representam os doentes renais crônicos destacaram os problemas por que passam os pacientes. Entre eles, a falta de vagas.

O nefrologista Hélio Vida Cassi, presidente da Associação Brasileira dos Centros de Diálise e Transplante, afirmou que pessoas estão morrendo por falta de acesso ao tratamento.

"Deveria haver no Brasil, pela população que temos hoje no País, cerca de 160 a 180 mil pacientes em diálise. Nós temos 100 mil. Onde estão os outros 60 mil? Morreram."

Prevenção
A melhor forma de evitar a doença renal é fazendo a prevenção. Medidas tomadas no dia a dia podem ajudar a combater seu aparecimento: são práticas como controlar a dieta, evitando o excesso de sal, carne vermelha e gorduras, e fazer exercícios físicos regularmente.

Além do controle da diabetes e da hipertensão, existem exames de rotina que podem anunciar problemas nos rins. Um deles é o exame de sangue para medir a dosagem da creatinina.

Para tentar mudar essa realidade, deputados vão cobrar que o Ministério da Saúde adote uma política de prevenção à doença renal.

O deputado Jesus Rodrigues (PT-PI), destacou que muitos dos doentes renais poderiam não estar hoje em hemodiálise se tivessem sido tratados preventivamente.

Segundo ele, o Brasil consegue fazer transplantes de rins, mas não consegue fazer a prevenção.

Jesus Rodrigues é autor de um projeto (PL 1178/11) que equipara os doentes renais crônicos às pessoas com deficiência.

Com isso, terão direito a tratamento especial, principalmente nas áreas de saúde, educação, transporte, e no mercado de trabalho, como cotas para os concursos públicos.

A relatora na Comissão de Seguridade Social e Família, deputada Carmen Zanotto (PPS-SC), já recomendou a aprovação do projeto.