Após resgate armado no Hospital da Vida, Funsaud não quer mais atender presos

Fundação dos Serviços de Saúde de Dourados, que administra hospital, cita ameaças e afirma que detentos algumas vezes simulam doenças para saírem de presídio

Resgate de preso no Hospital da Vida deixou profissionais e pacientes com medo, revela Fusnaud (Foto: A. Frota)
Resgate de preso no Hospital da Vida deixou profissionais e pacientes com medo, revela Fusnaud (Foto: A. Frota)

O resgate armado de um traficante no Hospital da Vida, ocorrido no início da tarde de 26 de julho, uma sexta-feira, colocou profissionais e pacientes em risco e deixou marcas de medo. Essa alegação é da Funsaud (Fundação dos Serviços de Saúde de Dourados), administradora da unidade hospitalar que agora não quer mais receber presos da PED (Penitenciária Estadual de Dourados) para atendimento médico básico.

Em ofício assinado dia 13 de agosto e direcionado à 16ª Promotoria de Justiça da Comarca, o departamento jurídico da fundação pede que o MPE-MS (Ministério Público Estadual) recomende ao Governo de Mato Grosso do Sul que “ative os serviços médicos da ala médica da penitenciária local, para que os presos que necessitam de atendimento básico sejam lá tratados, tendo em vista a ordem e a segurança pública”.

AMEAÇAS

Além de alegar não ter de segurança suficiente para manter esse serviço, já que dispõe apenas de vigilantes patrimoniais, a Funsaud também informa ter recebido negativas de reforço policial da Polícia Civil e Guarda Municipal, que alegam, por sua vez, falta de efetivo.

O apelo por “maior apoio da segurança pública quanto à vigilância de seus funcionários, pacientes e demais usuários” surge dias após o traficante Nelson de Oliveira Leite Falcão, de 53 anos, ter sido resgatado numa ação que contou com a participação de criminosos armados e na qual um policial militar foi rendido e teve a arma levada.

Citado pela Funsaud como “um grave acontecimento” que “colocou em risco a vida de todas as pessoas presentes no Hospital da Vida naquele momento”, o resgate desse preso “não foi o único episódio de problemas com atendimento aos detentos: corriqueiramente também há problemas de ameaças a funcionários e pacientes e familiares, o que gera vários transtornos ao regular andamento dos serviços e atendimentos no Hospital da Vida”.

SIMULAÇÕES

“Não bastasse isso, por vezes os detentos não apresentam nenhuma patologia mais grave, estes inclusive algumas vezes simulam doenças para irem ao Hospital da Vida, porque têm ciência de que o Hospital não conta com a mesma segurança e rigor encontrados na Penitenciária Estadual, haja vista que ficam apenas sob a escolta do policial que acompanha o detento onde este fica acomodado”, revela a Fundação.

O ofício menciona ainda que no hospital “o paciente acaba recebendo mais visitas (quando autorizadas pelo Poder Judiciário), do que receberia na penitenciária”, e “essas visitas não passam por uma revista detalhada, onde inclusive há risco de entrarem com drogas, armas ou outros objetos ilegais, uma vez que a segurança do Hospital é feita por agentes patrimoniais e, como dito, não há um afetivo policial suficiente, eis que por vezes há apenas um ou dois policiais para escoltarem até seis presos”.

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