Conselho de Enfermagem flagra situação insalubre em vistoria ao Hospital da Vida

Vistoria realizada na quinta-feira (5) pelo Coren-MS (Conselho Regional de Enfermagem de Mato Grosso do Sul) flagrou situações insalubres no Hospital da Vida, em Dourados. Segundo a entidade, nas condições de irregularidades encontradas, profissionais são prejudicados e a saúde da população é colocada em risco. 

Todo esse quadro já foi relatado ao MPE-MS (Ministério Público Estadual), que tem investigação específica sobre a unidade de saúde responsável pelo atendimento emergencial a pacientes de toda a Grande Dourados. Uma audiência pública deverá ser realizada pela Câmara de Vereadores na busca de soluções.

“A fiscalização foi integrada pelos seguintes representantes do Coren-MS: presidente do Coren-MS, Dr. Sebastião Júnior Henrique Duarte; a procuradora jurídica, Drª. Idelmara Ribeiro Macedo; o coordenador da Dfis (Departamento de Fiscalização), Dr. Jefferson Estevan Francisco; a fiscal, Drª Alessandra Machado; e os conselheiros Rodrigo Alexandre Teixeira e Cleberson dos Santos Paião”, detalhou o conselho.

AUDIÊNCIA PÚBLICA

Segundo a entidade, “o grupo, do Coren-MS, durante a visita ao hospital, constatou que existem condições insalubres que persistem na unidade”. “As condições colocam em risco a saúde da população, além de prejudicar os profissionais da enfermagem, pois essa é uma profissão que permanece com os pacientes nas 24 horas initerruptamente”, afirma.

Além de comunicar a Promotoria de Justiça sobre essa situação, os conselheiros de enfermagem buscaram apoio do Legislativo municipal para levar à sociedade o debate. “Já no gabinete do vereador, Marçal Filho, na quarta-feira (6), os representantes do Coren-MS, solicitaram uma Audiência Pública, que foi prontamente atendido pelo representante do legislativo. Ficou acordado que a audiência será realizada no dia 15 de agosto deste ano na Câmara Municipal de Dourados para discutir, não só a situação do Hospital da Vida, mas também toda a situação da saúde pública do município”, informou o conselho.

SÉRIE DE PROBLEMAS

Conforme já revelado pela 94FM, ainda em maio o promotor de Justiça Etéocles Brito Mendonça Dias Júnior recebeu relatório elaborado por funcionários da Funsaud (Fundação dos Serviços de Saúde de Dourados) que aponta uma série de problemas na saúde pública de Dourados e critica o excesso de servidores nomeados com salários altos.

Essas informações constam no Inquérito Civil Público número 06.2016.00000437-0, instaurado pela 10ª Promotoria de Justiça da comarca no dia 21 de março para apurar possíveis irregularidades ocorridas no Hospital da Vida, relacionadas ao atendimento de pacientes e fornecimento de medicação e material básico.

Os servidores da Funsaud queixaram-se da falta de “condições dignas de trabalho” e relatam trabalhar rotineiramente “com escassez de vários insumos (luvas, seringas, soro, equipo, fraldas, capotes, colher descartável, copo descartável e entre outros insumos), equipamentos médicos hospitalares (monitores, capnografo, aparelho  de verificar pressão arterial, suporte de soro, cadeira de rodas, cadeiras de banho, colchão de macas, macas fixas em péssimos estado de conservação)”.

Quanto à estrutura física, pontuaram que no local destinado à cozinha não existe um exaustor de ar e a temperatura passa de 37 graus, “tornando vulnerável a saúde do trabalhador”. E menção a uma C.I (Comunicação Interna), informam que “o serviço de transporte intra-hospitalar do Hospital da Vida e UPA não existe, é feito pela Central de Ambulâncias”.

Os funcionários do local relatam “estrutura física inadequada”, porque antes dos diagnósticos, os pacientes percorrem “quase todos os setores do hospital colocando a saúde dos colaboradores Funsaud em vulnerabilidade”. E há também críticas à falta de um estacionamento próprio aos funcionários. Eles apontam a ocorrência de cinco furtos de motocicletas e automóveis que não podem estacionar na área antes utilizada para este fim por causa das obras de ampliação do hospital que ocupam o espaço.

Esse relatório também aponta “excesso de cargos comissionados com altos proventos e tendo falta de funcionários em todos os setores tanto a nível administrativo quanto assistencial, pois os funcionários estão pedindo exoneração e não está sendo reposto na vaga remanescente”.