Criança ressuscitada por socorristas respira com ajuda de aparelhos em Dourados

Resgate de criança afogada foi narrado por bombeiro que prestou primeiros socorros (Adilson Domingos / Jornal O Vigilante MS)
Resgate de criança afogada foi narrado por bombeiro que prestou primeiros socorros (Adilson Domingos / Jornal O Vigilante MS)

Ressuscitada por socorristas do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) e do 2º Grupamento de Bombeiros Militar de Dourados, uma menina de 3 anos que sofreu afogamento no sábado (20) segue internada em estado grave. Na UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) do HU-UFGD (Hospital Universitário da Universidade Federal da Grande Dourados), a criança permanece estável, mas respira com ajuda de aparelhos, a chamada ventilação mecânica.

Embora esteja em estado grave, a menina já teve uma segunda chance de viver graças a rápida ação dos socorristas. Um deles, o bombeiro militar Allisson Petrini, foi quem prestou os primeiros socorros à vítima, que havia sofrido afogamento num açude no Potreirito, zona rural do município.

O militar soube da ocorrência e pediu aos superiores para ajudar no resgate. Moto socorrista do Corpo de Bombeiros, Petrini partiu na companhia do soldado Marcos Antonio Tomaz em direção ao local do afogamento. No caminho de aproximadamente 25 quilômetros, as duas motocicletas ultrapassaram a viatura de resgate enviada anteriormente. Nas proximidades da casa em que estava a criança, foram guiados por um familiar da vítima.

“Devido a estrada lamacenta, os MOB´s (Moto Operacional Bombeiro) foram os primeiros a chegar ao local e eu fui o primeiro a ter contato com a vítima, que se encontrava a beira do lago, com certeza retirada por familiares, nesse momento no colo do avô, o clima estava muito tenso, todos chorando desesperados, me lembro de alguém que me pediu para fazer ela respirar novamente, pedi para o avô deixar ela aos meus cuidados, tirei o capacete, as luvas de motoqueiro, Nesse momento eu acionei o cronômetro de um dos meus relógios (eu uso dois, um em cada punho), e comecei a manobra de ressuscitação, realizando massagem cardíaca e respiração boca a boca, a pequena criança estava, gelada, cianótica, pupilas dilatadas, sem pulso, com ausência de movimentos respiratórios e conforme eu ia realizando a massagem muita espuma e conteúdo estomacal saia da boquinha e nariz da mesma, devido a aspiração de liquido, quando se afogou”, descreveu o bombeiro na página pessoal que mantém no Facebook.

“Não desisti, continuei com as massagens e com a respiração boca a boca, na hora lembrei-me dos meus filhos que estão quase na mesma idade que a menina e falei baixinho ‘volta para tio, volta’, em seguida a UR chegou, comecei a revezar a massagem com o 3º SGT BM Joao Olimpio Martins e continuei fazendo a respiração boca a boca, enquanto isso outros integrantes da equipe (SD Adriene Ribas - Drika BM, SD Tomas e SD Janaina) já se preparavam para iniciar o transporte imediato da vítima para a unidade hospitalar, cheguei a cogitar de deixar minha moto na propriedade e voltar junto com a unidade de resgate, porém decidimos ir na frente abrindo o trânsito para facilitar e agilizar a passagem da UR”, relatou.

No caminho até o HV (Hospital da Vida), uma viatura do Samu com suporte avançado de socorro interceptou os bombeiros para auxiliar no resgate.

“Já na unidade hospitalar, com o empenho de todos: médicos, enfermeiras, Bombeiros e SAMU, o coração da pequenina voltou a bater e por recompensa dos esforços, nas minhas mãos, olhei para o meu pulso, no cronometro marcavam mais de 45 minutos desde o primeiro contato com a vítima em óbito, da primeira massagem e respiração boca a boca, ela voltou literalmente nas minhas mãos”, celebrou o socorrista. “A equipe toda vibrou de emoção, me emocionei, abracei os companheiros de serviço (confesso que vi algumas lágrimas), lembrei-me dos meus filhos e agradeci a Deus pela profissão maravilhosa que me deu”.

Ainda no HV, pouco antes de a criança ser transferida para o HU, o bombeiro que prestou os primeiros socorros encontrou o pai da menina. “Sorri para ele e dei a notícia que tanto esperava, a pequenina havia voltado a vida, o mesmo levantou rápido, me abraçou, agradeceu, choramos juntos e eu lhe disse: ‘O melhor obrigado do mundo que eu poderia receber hoje, foi sentir na ponta dos meus dedos aquele coraçãozinho batendo novamente’”, narrou.

Segundo o HU, a criança foi transferida no mesmo dia para sua UTI Pediátrica, “onde ainda se encontra, em estado grave, porém estável, respirando por meio de aparelhos (ventilação mecânica)”.

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