Criança salva após afogamento pode deixar HU e família espera aparelhos

Menina de três anos foi ressuscitada por equipes de socorro no dia 20 de agosto de 2016

Após primeiros socorros prestados por bombeiro militar, criança foi socorrida pelo Samu e levada até o Hospita... (Foto: Adilson Domingos)
Após primeiros socorros prestados por bombeiro militar, criança foi socorrida pelo Samu e levada até o Hospita... (Foto: Adilson Domingos)

Internada há seis meses no HU-UFGD (Hospital Universitário da Universidade Federal da Grande Dourados), onde chegou a ficar 20 dias em coma induzido na UTI (Unidade de Terapia Intensiva), a menina de 3 anos que no dia 20 de agosto de 2016 foi ressuscitada por socorristas após sofrer afogamento num açude na zona rural de Dourados, poderá, enfim, voltar para casa. Para isso, contudo, seus pais esperam pelos aparelhos médicos que a prefeitura deverá fornecer mediante acordo judicial.

A família vive um misto de alegria e angústia. Isso porque a administração municipal solicitou 40 dias de prazo para licitar alguns dos equipamentos que possibilitarão à pequena seguir o tratamento em seu lar. Enquanto isso, uma pneumonia contraída recentemente aumentou a preocupação de quem torce pela sua recuperação, conforme uma tia dela que conversou com a reportagem da 94FM nesta terça-feira (14). As identidades não serão reveladas para preservar a criança.

Ela tem estímulos com as mãos, aperta a nossa mão e pisca quando a gente pede. É um milagre, porque ela chegou a ficar 1 hora e 45 minutos sem vida"
Tia da criança internada no HU

Esse prazo foi estabelecido em audiência de conciliação realizada no dia 31 de janeiro pelo juiz da Vara da Infância e da Juventude Zaloar Murat Martins de Souza. Nessa ocasião, foi estabelecido o acordo no qual a Prefeitura Municipal de Dourados tem 40 dias para realizar as licitações necessárias para “fornecer os equipamentos e medicamentos requeridos pela parte autora, pelo tempo do tratamento, observada sempre a necessidade de prescrição e acompanhamento médicos”.

Aspirador cirúrgico portátil, umidificador, oxímetro de mesa infantil com alarme, nobreak, colchão Bio Air, e ressuscitador manual infantil tipo ambu com chicote são os aparelhos aguardados pela família, segundo a tia da paciente. Ela argumenta ter feito orçamento de tudo isso e constatado que menos de R$ 4 mil seriam suficientes para a administração municipal atender ao acordo.

Na mais recente audiência entre as partes, foi esclarecido pelo médico responsável pelo atendimento à criança no HU que ela “possui capacidade para ter alta da internação e que sua genitora recebeu toda a capacitação para a operacionalização dos equipamentos”. Também foi declarado que o desfibrilador não faz mais parte do rol dos equipamentos a serem fornecidos.

A expectativa da família só aumenta a cada dia de espera. Já são quase seis meses de internação, período no qual a pequena venceu 78% de probabilidade de morrer, segundo sua tia. Milagre é a palavra usada pela família para definir cada passo da evolução da paciente, que completa 4 anos de vida em junho. “Ela tem estímulos com as mãos, aperta a nossa mão e pisca quando a gente pede. É um milagre, porque ela chegou a ficar 1 hora e 45 minutos sem vida”, celebra a tia.

Na verdade, essa história é repleta de milagres. Em agosto de 2016 a 94FM publicou o emocionante relato do bombeiro militar Allisson Petrini, moto socorrista do 2º GBM (Grupamento de Bombeiros Militar) que naquele sábado, dia 20, prestou os primeiros socorros à vítima, que havia sofrido afogamento num açude no Potreirito, zona rural do município.

Foto: Divulgação/2º GBM
Petrini visitou familiares da criança que socorreu

O militar soube da ocorrência pelo sistema de rádio da corporação e pediu aos superiores para ajudar no resgate. Na moto de socorro rápido, Petrini partiu na companhia do soldado Marcos Antonio Tomaz em direção ao local do afogamento. No caminho de aproximadamente 25 quilômetros, as duas motocicletas ultrapassaram a viatura de resgate enviada anteriormente. Nas proximidades da casa em que estava a criança, foram guiados por um familiar da vítima. Foi ali, na beira do açude, que começou a luta para salvar a pequena, já desacordada.

“Já na unidade hospitalar, com o empenho de todos: médicos, enfermeiras, Bombeiros e SAMU, o coração da pequenina voltou a bater e por recompensa dos esforços, nas minhas mãos, olhei para o meu pulso, no cronometro marcavam mais de 45 minutos desde o primeiro contato com a vítima em óbito, da primeira massagem e respiração boca a boca, ela voltou literalmente nas minhas mãos. A equipe toda vibrou de emoção, me emocionei, abracei os companheiros de serviço (confesso que vi algumas lágrimas), lembrei-me dos meus filhos e agradeci a Deus pela profissão maravilhosa que me deu”, celebrou o socorrista em seu relato (relembre aqui).

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