Falta do frigorífico do peixe inviabiliza setor da psicultura em Dourados

Presidente da MS Peixe afirma que 70% dos produtores da região já abandonaram ou estão prestes a abandonar a atividade

  • Alexandre Duarte

O frigorífico do peixe é uma obra sonhada e aguardada por todos os psicultores de Dourados e região. Anos atrás, com a expectativa de crescimento no consumo deste tipo de carne, diversos produtores rurais resolveram investir no ramo. Todos depositaram as esperanças na construção do frigorífico, um elemento essencial da infra-estrutura e sem o qual o setor se torna praticamente inviável.

A construção teve início ainda em 2009, durante a gestão Ari Artuzi. À época a prefeitura informava que a obra seria feita em duas etapas e que a conclusão seria em no máximo oito meses. Porém, durante esse período Dourados passou pela tempestade política que todos conhecem e a obra foi paralisada.

Mais tarde, em setembro de 2011, já durante a administração Murilo Zauith, a construção foi retomada. Em discurso durante o relançamento, o prefeito informou que seriam investidos R$ 1,1 milhão, sendo a maior parte de recursos federais e um naco menor de contrapartida da prefeitura.

Contudo, desde a “retomada” de Murilo Zauith, já se passaram dois anos e o frigorífico ainda não entrou em funcionamento. Segundo a presidente da Cooperativa MS Peixe, Vera Lúcia Baptista Borelli, a demora já fez com que aproximadamente 70% dos 400 psicultores da região abandonassem a atividade.

Somente os grandes sobreviveram

Segundo Vera Lúcia, somente os grandes produtores ainda se mantém ativos, pois possuem outras fontes de renda e decidiram aguardar um pouco mais antes de jogarem a toalha. Enquanto isso, entregam a produção para os pesque-e-pague e eventualmente para o frigorífico Mar e Terra de Itaporã. Porém, segundo a presidente da MS Peixe, a empresa do município vizinho somente compra dos produtores locais quando seus tradicionais fornecedores não conseguem atender a demanda.

Vera diz ainda que na hipótese do setor funcionar a todo vapor, a psicultura poderia gerar grande renda para a região, através da geração de impostos e o consumo de diversos insumos, como ração, combustível, entre outros.

Segunda retomada

Recentemente a prefeitura de Dourados divulgou nota dizendo que aguarda que o Ministério da Pesca libere os recursos necessários para a uma segunda retomada nas obras. O montante exigido atualmente chega a R$ 2,5 milhões. Contudo, Murilo disse que ainda serão necessários mais R$ 3,5 milhões para colocar o frigorífico em pleno funcionamento. O prefeito não deu prazo para a finalização da obra.