Justiça decreta prisão preventiva de suspeito pela execução de advogado

Juliander teria assassinado Valmir Junior a facadas e em seguida ateou fogo ao carro da vítima com corpo dentro, segundo a polícia

Juliander de Oliveira Alcântara, de 24 anos, foi preso na sexta-feira pelo SIG (Foto: Sidnei Bronka/94FM)
Juliander de Oliveira Alcântara, de 24 anos, foi preso na sexta-feira pelo SIG (Foto: Sidnei Bronka/94FM)

O juiz Caio Márcio de Britto, da 3ª Vara Criminal de Dourados, decretou a prisão preventiva de Juliander de Oliveira Alcântara, de 24 anos, acusado pelo assassinato do advogado Valmir Leite Júnior, que teve o corpo encontrado carbonizado no porta-malas do próprio carro na quinta-feira (16), no bairro Estrela Verá. A intenção do magistrado, conforme seu despacho, é a “garantia da ordem pública, conveniência da instrução e aplicação da lei penal”.

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“Não se bate na cara de homem, fala para mim que eu sou moleque de novo”, disse o assassino à vítima enquanto a esfaqueava, conforme relatado na audiência realizada na tarde desta segunda-feira (20), ocasião em que o magistrado ouviu o suspeito sem utilização de algemas e sem a presença de policiais.

O suspeito não demonstrou endereço certo e atividade lícita, assim, nada indica que permanecerá no distrito da culpa. Por fim, as medidas cautelares não são suficientes, pois simples comparecimento em juízo e não se aproximar das testemunhas sem efetiva fiscalização policial e pela audácia do réu na prática do delito, restariam inócuas"
Caio Márcio de Britto, juiz

“Sobre os fatos relatou Juliander de Oliveira Alcântara: ‘Que a vítima parou o carro e foi urinar primeiro, e o interrogando, se aproveitando da situação, aproximou-se da vítima e desferiu uma facada em seu abdômen, momento em que a vítima caiu e o interrogando segurou o colarinho da camisa da vítima e desferiu as outras facadas, dizendo para a vítima 'NÃO SE BATE NA CARA DE HOMEM, FALA PARA MIM QUE EU SOU MOLEQUE DE NOVO'”, descreveu o magistrado no termo de assentada resultante da audiência.

Para o magistrado, “o indiciado, provavelmente, desferiu vários golpes de arma branca e ateou fogo em Valmir Leite Júnior, supostamente porque a vítima deu um tapa no seu rosto, isto em hipótese, fatos a demonstrarem a gravidade do delito e provável periculosidade concreta do réu”. O crime teria ocorrido por volta das 23h e o suspeito “não se recorda de quantas facadas desferiu na vítima, mas afirma ter sido várias”.

Ao juiz, o suspeito afirmou “que enrolou a vítima num pano que estava dentro do carro e com muita dificuldade o interrogando colocou a vítima no porta-malas do carro, jogou a gasolina na vítima e em seu veículo, riscou o fósforo e evadiu-se a pé do local até a casa de sua genitora”.

Segundo o despacho judicial, Juliander de Oliveira Alcântara possui “várias passagens policiais por ameaça, lesão corporal, furto e tráfico de drogas, condenação por tentativa de homicídio qualificado e vias de fato, sem olvidar que estava evadido do sistema prisional quando praticou o delito, consoante guia de execução n.º 4801-21.2015”. “Logo, tudo indica que solto voltará a delinquir, em clara ameaça à sociedade”.

Arquivo/Facebook
Valmir Leite Júnior foi sepultado pela família

“O suspeito não demonstrou endereço certo e atividade lícita, assim, nada indica que permanecerá no distrito da culpa. Por fim, as medidas cautelares não são suficientes, pois simples comparecimento em juízo e não se aproximar das testemunhas sem efetiva fiscalização policial e pela audácia do réu na prática do delito, restariam inócuas”, relatou o magistrado.

“O indiciado supostamente efetuou vários golpes de arma branca e ateou fogo na vítima Valmir Leite Júnior, que faleceu. O crime em questão tem pena máxima superior a 4 anos de reclusão, assim, possível a conversão do flagrante em prisão preventiva, conforme dispõe o artigo 313, inciso I, do Código de Processo Penal. De imediato revela anotar que provada a materialidade do delito e indícios de autoria, conforme auto de prisão em flagrante, depoimentos das testemunhas e interrogatório”, ponderou o juiz, ao acatar o pedido feito pelo MPE-MS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) para converter a prisão em flagrante por preventiva.

Esse crime do qual Juliander é acusado começou a ser desvendado às 6h30 da quinta-feira passada, quando uma equipe da PM (Polícia Militar) encontrou o Ford Fusion de Valmir Leite Júnior em chamas no bairro Estrela Verá, periferia de Dourados. No porta-malas havia um corpo carbonizado. Embora o exame de DNA para comprovar a identidade da vítima só deva ter resultado em 30 dias, a família do advogado conseguiu a liberação para sepultar os restos mortais do jovem, já que o suspeito do crime confessou ao ser preso na sexta-feira (17).

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