Menino perde os dedos em explosão de granada da polícia após conflito em Dourados

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Granada de luz e som tem carga explosiva de baixa potência. Criança abriu e acendei isqueiro (Foto: Campo Grande News)
Granada de luz e som tem carga explosiva de baixa potência. Criança abriu e acendei isqueiro (Foto: Campo Grande News)

O local de conflito fundiário em Dourados por onde passaram índios, seguranças de sitiantes e equipes da PM (Polícia Militar) também atraiu a curiosidade das crianças e o desfecho foi de mais uma vítima: um menino de 12 anos teve os dedos da mão esquerda decepados ao manipular uma granada.

De acordo com o apurado pelo Campo Grande News, o dispositivo é usado pela polícia, sendo do modelo de luz e som, também chamada de atordoamento, um explosivo não letal capaz de desorientar temporariamente os sentidos.

Tio do menino, Genésio Araújo, de 29 anos, relata que ele achou a granada na estrada, na sexta-feira (dia 3), ficou curioso e levou para a casa, na aldeia Bororó. Escondido, foi para o fundo do imóvel, cortou o dispositivo, que tem pólvora, e acendeu um isqueiro. “Explodiu na mão dele, ficou só no osso”, diz. Ainda conforme Genésio, outras crianças recolheram o artefato. “Muita gurizada pegou por curiosidade”.

Diante do ferimento, a família pediu ajuda para uma agente de saúde, que fez o contato com o Corpo de Bombeiros. O menino foi transportado em carro de órgão ligado à proteção dos indígenas até o anel viário, seguindo com os bombeiros até o Hospital da Vida.

De acordo com a Funsaud (Fundação de Serviços de Saúde de Dourados), o menino segue internado e teve três dedos amputados. A reportagem fez contato com a Polícia Militar, mas não teve retorno até publicação da matéria.

A terra - A área de conflito fica entre o anel viário e a Avenida Guaicurus, na região Oeste do Dourados. Grupos indígenas vindos de várias partes de Mato Grosso do Sul estão acampados nos arredores dos sítios desde outubro de 2018. Eles reivindicam a inclusão das terras na reserva de Dourados, criada em 1917.

Na última sexta-feira (dia 3), os índios guarani-kaiowa teriam feito outra tentativa de invasão e houve confronto com seguranças particulares contratados pelos sitiantes. Policiais militares e equipes do DOF (Departamento de Operações de Fronteira) foram para o local após a troca de tiros.

No confronto, os índios Modesto Fernandes, 47 anos, Gabriel Vasque e Paulo Gonçalves Rolim ficaram feridos. Modesto levou um tiro no rosto, passou por cirurgia e segue internado no Hospital da Vida. Gabriel levou tiro na perna, foi atendido e liberado. Paulo Rolim, socorrido pelos próprios índios, levou uma pancada na cabeça e teve alto no último sábado (4).

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