MPE dá 15 dias para prefeitura atender pacientes com câncer em hospital parado

Determinação expedida pela Promotoria de Justiça quer atendimentos oncológicos no Hospital Regional de Cirurgias Eletivas de Dourados

Hospital Regional de Cirurgias Eletivas de Dourados está parado desde novembro de 2016 (Foto: Reprodução)
Hospital Regional de Cirurgias Eletivas de Dourados está parado desde novembro de 2016 (Foto: Reprodução)

Em ofício enviado à Prefeitura de Dourados na quinta-feira (17), o promotor Etéocles Brito Mendonça Dias Júnior determinou que a administração municipal "assuma de fato a gestão do Hospital Regional de Cirurgias Eletivas de Dourados" para atender pacientes com câncer. No documento, o membro do MPE-MS (Ministério Público Estadual) estabelece prazo de 15 dias, sob pena de acionar judicialmente os gestores do município.

Segundo o titular da 10ª Promotoria de Justiça da Comarca, a prefeitura já firmou esse compromisso nos autos da Ação Civil Pública nº 0901299-70.2017.8.12.0002, proposta quando teve início o desacordo entre as entidades responsáveis pelo atendimento oncológico na maior cidade do interior de Mato Grosso do Sul. E a própria Secretaria de Estado de Saúde informou ao órgão ter disponibilizado a estrutura hospitalar para o município.

Ofício endereçado pelo MPE à prefeitura cita que hospital já foi oferecido pelo Estado (Foto: Reprodução)
Ofício endereçado pelo MPE à prefeitura cita que hospital já foi oferecido pelo Estado (Foto: Reprodução)
Ao citar "especialmente o item 4" desse acordo judicial, o MPE determina à administração municipal que "assuma de fato a gestão do Hospital Regional de Cirurgias Eletivas de Dourados/MS, para fins de disponibilizar toda sua estrutura não só a grade de referência do extinto Contrato Administrativo n. 74/2015, como também a readeque, de modo a englobar atendimento de intercorrências oncológicas, internações clínicas oncológicas, e cirurgias oncológicas de baixa complexidade, o que é plenamente viável, face a estrutura hospitalar ali disponibilizada".

Ativado em dezembro de 2015 com investimento de R$ 1,2 milhão do Governo de Mato Grosso do Sul, o Hospital Regional de Cirurgias Eletivas de Dourados funcionou no prédio do antigo Hospital São Luiz, na esquina da rua Coronel Ponciano com a Avenida Weimar Gonçalves Torres, mas encerrou os atendimentos menos de um ano depois, em novembro de 2016.

Desde março deste ano, o governo estadual abriu chamamento público disposto a pagar até R$ 8,5 milhões por ano para alguma OS (Organização Social) que esteja disposta a administrar a unidade. No entanto, o procedimento não avançou e ontem teve sua segunda publicação suspensa por impugnação de um dos interessados na participação.

Para agilizar o aproveitamento dessa estrutura hospitalar, o MPE deu prazo de 10 dias úteis para prefeitura realizar "levantamento patrimonial de todos os bens e insumos ali existentes, apresentando relatório circunstanciado". Em igual período, a Promotoria de Justiça exige da administração municipal a "adequação dos valores, serviços e quantitativos junto ao Estado de Mato Grosso do Sul, apresentando plano de trabalho e grade completa de referências ao Ministério Público, Defensoria Pública da União e OAB DOURADOS/MS em até três dias úteis após a conclusão da tratativa".

Para expedir essa determinação, o promotor considerou "evidente necessidade de disponibilização de local com estrutura física adequada para atendimento de intercorrências oncológicas, internações clínicas oncológicas, e cirurgias oncológicas de baixa complexidade,, em razão do período de transição na política sanitária de assistência em oncologia na região da Grande Dourados, eis que pendente a habilitação de nova UNACON - Unidade de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia, conforme desfecho da licitação na modalidade Concorrência, n. 11/2016".

Essa licitação teve desfecho no dia 23 de junho, quando a prefeitura comunicou a homologação do contrato de R$ 21.207.666,00 que delega à Cassems (Caixa de Assistência dos Servidores do Estado de Mato Grosso do Sul) e ao CTCD (Centro de Tratamento de Câncer Dourados) a responsabilidade pelo atendimento de alta e média complexidade em oncologia para pacientes com câncer.

Hospital da Vida passou a receber pacientes com câncer mesmo com superlotação reconhecida pelos próprios gestores (Foto: A. Frota)
Hospital da Vida passou a receber pacientes com câncer mesmo com superlotação reconhecida pelos próprios gestores (Foto: A. Frota)

Embora a prefeitura tenha informado que essas empresas iniciaram os atendimentos oncológicos no dia 14 de julho, pacientes com câncer em Dourados passaram a ser encaminhados para o Hospital da Vida depois que a própria Secretaria Municipal de Saúde reconheceu que as vencedoras da licitação de R$ 21 milhões ainda não dispõem da estrutura adequada, o que pode levar até 180 dias, conforme prevê o contrato.

Essa situação assustou pacientes com câncer, conforme já revelado pela 94FM (relembre aqui), e passou a ser alvo de uma investigação aberta pelo MPE por meio de inquérito civil público.

Comentários
Os comentários ofensivos, obscenos, que vão contra a lei ou que não contenha identificação não serão publicados.