Prefeita ameaça rever PCCR de servidores e quer economia de R$ 3 milhões por mês

Délia Razuk repete ato do antecessor Murilo Zauith e determina corte de 20% dos gastos na prefeitura por crise financeira no município

Cinco meses após assumir comando do município, Délia Razuk declarou que “Dourados não está aquela maravilha qu... ()
Cinco meses após assumir comando do município, Délia Razuk declarou que “Dourados não está aquela maravilha qu... ()

Um dia após anunciar no Facebook a necessidade de medidas austeras no comando da Prefeitura de Dourados, a prefeita Délia Razuk (PR) divulgou nesta quarta-feira (10) a determinação do corte de 20% dos gastos na administração municipal. Segundo a gestora, caso o município não consiga reduzir em R$ 3 milhões os gastos mensais, será preciso rever o PCCR (Plano de Cargos Carreiras e Remunerações) do funcionalismo público, aprovado no ano passado pela Câmara de Vereadores.

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Em material distribuído pela assessoria de comunicação social, a prefeitura informou que uma empresa de consultoria apurou que “Dourados não está aquela maravilha que foi apregoada”, numa menção ao discurso do ex-prefeito, Murilo Zauith (PSB). O socialista, por sinal, também havia determinado corte de gastos em decreto publicado no mês de julho de 2016, ocasião em que até o cafezinho foi barrado nas repartições públicas municipais.

“Ao assumir o mandato, a prefeita ‘herdou’ um percentual de 54,26% comprometido apenas com a folha de pagamento de pessoal, e vem trabalhando para reduzir esses índices, de modo a assegurar o cumprimento do que diz a lei. O déficit superior a R$ 12,9 milhões, registrado em abril de acordo com o diagnóstico, motivou a prefeita a baixar novas orientações”, revelou a prefeitura.

No entanto, ao enviar à Câmara a proposta de reforma administrativa, no mês de março, a chefe do Executivo propôs a criação de mais cargos comissionados (de livre nomeação) na administração municipal, dos 546 herdados para 652. Aprovado por 12 votos a favor e sete contra na sessão do dia 10 de abril, o projeto autoriza a prefeita a criar seis novos postos que custarão R$ 42 mil por mês, ou quase R$ 500 mil anuais aos cofres públicos.

“O Município acusou o maior golpe, de acordo com o diagnóstico, nas áreas de Educação, Saúde e na folha de pagamento. Só com a contratação de estagiários, compromete-se em torno de R$ 6 milhões ao ano e o Fundeb (Fundo de Valorização do Magistério), recurso destinado exclusivamente ao pagamento dos professores em sala de aula apresenta um déficit mensal da ordem de R$ 4 milhões e com os contratados da Educação, R$ 7 milhões”, acrescenta a administração municipal.

Em reunião com o secretariado municipal, Délia Razuk apresentou o diagnóstico da consultoria especializada, no qual há recomendação para a prefeitura “deixar de gastar em torno de R$ 3 milhões ao mês daqui pra frente para chegar ao equilíbrio financeiro”.

“Ou cortamos na carne, reduzindo pessoal e trazendo a folha para os índices de R$ 20 milhões, no máximo até R$ 27 milhões que se praticavam antes do PCCR, ou, infelizmente, teremos que convocar os servidores, a população, a Câmara de Vereadores e o Ministério Público, expor essa situação e rever a lei que criou esse plano”, declarou o secretário municipal de Fazenda, João Fava.

Embora o PCCR tenha sido aprovado pela Câmara de Vereadores na legislatura passada, ocasião em que Délia Razuk ocupava uma das 19 cadeiras do parlamento, o responsável pelas finanças do Executivo afirmou que houve “irresponsabilidade na implantação do Plano”, conforme divulgado pela prefeitura.

De acordo com o material divulgado pela prefeitura, as dificuldades financeiras enfrentadas pelo município são reflexo de um cenário de crise vivido em todo o Brasil. No caso de Dourados, houve queda de R$ 10 milhões no recebimento de repasses do ICMS (Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços).

“Não sou de reclamar do passado, estamos diante de uma realidade, inclusive nacional, que exige doses amargas de um mesmo remédio, o controle severo das contas públicas. Acima de tudo, temos compromisso em cuidar da nossa gente, mas não vamos abrir mão da responsabilidade e se tiver que agir com dureza, assim será feito”, pontuou a prefeita. “Daqui pra frente, ninguém vai passar a mão na cabeça de ninguém, a ordem é controle rígido de pessoal, incluindo folha de frequência, auditoria na folha de pagamento, cortes na estrutura administrativa e até redução de servidores”.

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