Prefeitura descumpre lei e diabéticos ficam sem medicamentos

Mulher de 28 anos denuncia que há 15 dias prefeitura não fornece as tiras para teste de glicemia

  • Alexandre Duarte

Envolta em inúmeras irregularidades e atolada no descrédito popular, a saúde pública de Dourados agora faz novas vítimas, os diabéticos. Desde meados de janeiro, pacientes se queixam da falta de tiras de teste, que são utilizadas nos aparelhos que medem o nível de açúcar no sangue. O procedimento é fundamental no tratamento da doença, pois antes de aplicar a insulina, o diabético precisa ter esse dado para poder aplicar a dose correta do hormônio.

De acordo com Marcela Lopes da Silva, 28 anos, moradora do Jardim Central, o fornecimento das tirar começou a ser racionado em agosto do ano passado, porém, como se isso não bastasse, o fornecimento foi interrompido faz duas semanas. “Eu tomo insulina várias vezes por dia e utilizo mais ou menos 100 tiras por mês. Sem conseguir medir a açúcar no meu sangue eu fico no escuro, então o que me resta é chutar a dose de insulina e aplicar, mas isso é arriscado e já sofri muitas hipoglicemias [quando o nível de açúcar no sangue fica muito baixo] por causa disse”.

A falta do suprimento na rede pública de Dourados faz a prefeitura descumprir a lei federal nº 11.347 de 27 de setembro de 2006, que em seu artigo 1º diz que: “Os portadores de diabetes receberão, gratuitamente, do Sistema Único de Saúde - SUS, os medicamentos necessários para o tratamento de sua condição e os materiais necessários à sua aplicação e à monitoração da glicemia...”.

Ainda segundo Marcela, na sexta-feira (24), ela foi até o PSF da Seleta e lá teve mais uma decepção. “Cheguei ao posto de saúde às 13h, não tinha ninguém para atender no balcão, a gente não via um funcionário, enquanto isso ia chegando mais gente e o telefone também tocava muito. Só às 13h40 que foi aparecer uma pessoa, que sozinha não dava conta de atender todo mundo e ainda o telefone. Eu sai de lá às 15h30 sem ter conseguido resolver nada”, reclamou.

Outro medicamento que comumente está em falta nos postos de saúde da cidade é o Puran T4, utilizado por portadores de hipotireoidismo (quando a tireóide tem produção insuficiente de hormônio). “Eu também preciso do Puran T4 para a tireóide, mas direto está em falta. Ao menos esse é barato e quando falta consigo comprar, mas mesmo assim é injusto, pois se é barato para o consumidor final, imagina para uma prefeitura que compra uma quantidade bem maior”, complementou.

A reportagem da 94FM entrou em contato com a assessoria de comunicação da prefeitura, que ao que tudo indica se calou para o problema e até o fechamento deste texto não havia respondido ao questionamento.