'Ditador' do Porto ama 'Cinderela brasileira' e ganha e deve milhões

'Ditador' do Porto ama 'Cinderela brasileira' e ganha e deve milhões

O português Jorge Nuno Pinto da Costa tem 77 anos de idade e está para o Porto como os dirigentes de várias entidades esportivas brasileiras: é praticamente um 'ditador', tal o tempo em que está no poder. No próximo dia 17, completará exatos 33 anos à frente do clube.

É um senhor que adora comprar e revender, com muito lucro, jogadores brasileiros - com o lateral direito Danilo, vendido ao Real Madrid por 31,5 milhões de euros, já são 234,5 milhões de euros com atletas da ex-colônia apenas neste século. Pelo câmbio atual, cerca de R$ 798,4 milhões.

Ele também ama uma brasileira, mais especificamente a 'Cinderela de Touros'.

É assim que parte da imprensa potiguar chamou Fernanda Miranda, 49 anos mais nova que Pinto da Costa e sua esposa, a quarta, desde 28 de julho de 2012. Ela é de Touros, cidade do Rio Grande do Norte e, já com um filho de outro relacionamento, encantou o milionário quando vivia em Portugal e trabalhava em uma loja de shopping.

Trata-se de um dirigente que conseguiu ao mesmo tempo revolucionar a história do Porto, dentro de campo e nas finanças, neste caso para o bem e para o mal, e ainda envolver-se em escândalos, tanto pessoais como futebolísticos. 

No campo, Pinto da Costa tornou-se o presidente de clube mais vencedor da história. Com ele, o time passou de sete para 27 taças do Português e mudou o cenário do futebol local. Até sua chegada ao poder, Benfica, com 24 títulos, e Sporting, com 16, eram os principais rivais do país.

Desde então, os Dragões ganharam 20 das 32 edições da principal disputa nacional, deixaram o Sporting (agora com 18 troféus) para trás com sobras e estão à caça dos Encarnados, que atualmente somam 33 ligas. O Boavista ganhou o outro campeonato deste período, em 2000/2001.  

A administração Pinto da Costa também fez o Porto chegar ao topo continental e mundial. Desde abril de 1982, a equipe ganhou duas vezes a Champions League (em 1986/1987 - quando o nome nem era esse ainda - e 2003/2004), duas vezes a Liga Europa (2002/2003 - então Taça da Uefa - e 2010/2011), uma vez a Supercopa da Uefa, em 1987, e duas vezes a disputa que desde 2000 a Fifa chancelou como Mundial de Clubes, em 1987 e 2004.

Ao todo, juntando-se ainda a Taça de Portugal e a Supertaça de Portugal, são 58 conquistas dos azuis e brancos no futebol sob a 'ditadura' do milionário e pai de quatro filhos - um do primeiro casamento, um do segundo e dois do último.

Mas Pinto da Costa também tem no currículo escândalos e uma dívida enorme.

Ele é um dos principais protagonistas do caso Apito Dourado, um esquema de manipulação, arranjamento de resultados e compra de árbitros para beneficiar o Porto que estourou em 2004 e abalou o futebol português. Apesar de condenados na instância esportiva, o mandatário dos Dragões e o então presidente do Boavista e da Liga Portuguesa de Futebol e seu filho, respectivamente Valentim Loureiro e João Loureiro, foram inocentados nos tribunais civis por insuficiência de provas.

Em dezembro de 2006, após uma separacão conturbada no ano anterior, Carolina Salgado, a terceira esposa, neste caso mais para companheira, já que não houve união civil, lançou o livro 'Eu, Carolina'. Nele, revelou segredos da vida íntima do casal e acusou Pinto da Costa de várias ações ilícitas no futebol, tais como tráfico de influências, agressões a dirigentes, coação de equipes de arbitragem e até pagamento de orgias com prostitutas para árbitros e auxiliares, tudo em troca de benefícios para o Porto.

Em uma entrevista, a irmã gêmea de Carolina, Ana Maria, disse que várias das acusações eram falsas, mas muitas das mesmas foram usadas nas investigações do caso Apito Dourado. O livro ainda foi base para o filme "Corrupção", do diretor João Botelho, que teve como objetivo retratar os meandros do futebol de Portugal.

Nas finanças, a gestão Pinto da Costa especializou-se, a partir de 2004, em comprar e revender muito, mas muito mais caro seus jogadores. Desde então, o Porto embolsou mais de 600 milhões de euros em negociações envolovendo 28 atletas, o último deles o brasileiro Danilo.

A instituição virou modelo e exemplo a ser seguido neste quesito.

No entanto, apesar dos supernegócios no futebol, os resultados financeiros do clube, que também tem várias outras modalidades, como atletismo, basquete, hóquei sobre patins, entre outras, sempre apresentam um passivo enorme. No último balanço, de fevereiro deste ano, o total ultrapassa os 278 milhões de euros, dos quais quase 100 milhões de euros são de empréstimos bancários.

Problema para Pinto da Costa e seus subordinados.

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