“Espanholização” nas cotas de TV assusta futebol brasileiro!

  • Milton Neves/UOL

No dia 18 de abril de 2014, o diretor de futebol do São Paulo, Ataíde Gil Guerreiro, mostrou-se indignado com as cotas que a Rede Globo pagará a partir de 2016 aos times com o maior número de torcedores no Brasil, respectivamente Flamengo e Corinthians, cerca de R$ 170 milhões por ano, enquanto o Tricolor do Morumbi receberá “apenas” R$ 110 mi, o terceiro maior valor.

“Vai ser um massacre, um domínio total. Se o Flamengo e o Corinthians forem bem dirigidos, não vai sobrar nada para os outros clubes”, afirmou o inconformado dirigente Gil Guerreiro ao jornalista Luis Augusto Simon.

“Espanhanholização” é o termo cunhado pelo especialista em marketing esportivo Amir Somoggie que após a implosão do “Clubes dos 13” ganhou força entre os times nacionais que passaram a negociar os seus próprios contratos com a detentora dos direitos televisivos – “Rede Globo”- que segundo o site Futebol Business pagou pelo triênio 2012 -2015, R$ 2,7 bi pelas partidas da série A, no canal aberto e nos fechados, sem contar o pay-per-view.

Entre 2016 e 2019, a Globo pagará R$ 4,11 bi no total, e Timão e Fla passarão a receber R$ 60 milhões a mais que os são-paulinos por ano, não contando os recebimentos do “pague para ver”, uma diferença que pode significar os salários do departamento de futebol por 12 meses.

Em contrapartida, o equilíbrio tão alastrado como beneficente ao campeonato nacional pode se perder com os anos devido à diferença financeira. Algumas ligas européias adotaram um sistema diferente da divisão dos direitos televisivos.

A Premier League, a primeira divisão do futebol inglês, comercializou os seus jogos para a TV aberta e a cabo por € 1.250 bi ano, de 2013 a 2016. Eles dividem 70% do valor total em partes iguais aos 20 participantes, 15% pela classificação na competição e 15% pela audiência alcançada. A fórmula inglesa mantém a competitividade e deixam as agremiações cada vez mais ricas.

Outro sistema diferenciado é a da Bundesliga, a liga alemã, que negocia os direitos anualmente e reparte em partes iguais para todos que disputam a competição. Critério muito questionado pelo Bayern de Munique.

Já entre os italianos, o Ministério Público precisou intervir para que o modo desprorpocional da negociação individual entre os times fosse modificado. A partir de 1999, o pagamento da TV para as entidades esportivas baseou-se em três itens: 1. 40% do valor dividido em partes iguais a todos os times; 2. 30%: será repartido devido ao desempenho no Calcio; 3. 30% pelo tamanho da torcida no país.

Apesar dos valores terem aumentado consideravelmente ( em 1999, os clubes recebiam R$ 25 mi), o Campeonato Brasileiro, pentacampeão mundial, seria apenas o sexto no quesito valor comercial dos direitos televisivos ao lado do certame turco.

E aí, torcedor, como você acha que deveria ser a divisão das cotas de tv no futebol brasileiro?

Abaixo, os valores pagos pela TV Globo aos times de futebol a partir de 2016 (valores expressos em milhões de reais):

Flamengo - R$ 170
Corinthians - R$ 170
São Paulo - R$ 110
Vasco - R$ 100
Palmeiras - R$ 100
Santos - R$ 80
Cruzeiro - R$ 60
Atlético MG - R$ 60
Botafogo - R$ 60
Fluminense - R$ 60
Grêmio - R$ 60
Internacional - R$ 60
Outros - R$ 35