Abrindo espaço, mulher é a única motorista de caminhão em transportadora de MS

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Marido e filhas ficam preocupados com a vida na estrada (Yarima Mecchi)
Marido e filhas ficam preocupados com a vida na estrada (Yarima Mecchi)

Lugar de mulher é pilotando, mas um caminhão com 16 mil quilos de carga. É isso que pensa a motorista Maria José de Matos, de 45 anos. Há três anos trabalha em uma transportadora de Mato Grosso do Sul. Entre as profissões que antes eram dominadas pelos homens, a de motorista de caminhão vem abrindo espaço para as mulheres e é esse o caso de Maria.

Ela que já foi cozinheira, cobradora de ônibus intermunicipal e é mãe de três filhas, avó de dois meninos e casada há 28 anos, hoje trabalha como motorista e ajuda a reabastecer o Estado com diversos produtos alimentícios, de higiene e de limpeza. Uma mulher simples que sempre teve o sonho de ser livre e na profissão encontrou a liberdade que tanto desejava.

“São seis anos na estrada, fiquei três em uma empresa como cobradora de ônibus e como motorista e agora já são três anos como motorista de caminhão”, declarou.

Ao escolher a profissão Maria afirma que precisou convencer o marido e as filhas. “Ele não gostou muito, o pior para ele são as viagens e a quantidade de homens. Ele sempre falava: ‘mas é com muito homem que você vai trabalhar’. Minha filha só fica preocupada com a possibilidade de acidente”.

Maria confirma o que o marido diz, ela realmente trabalha com muitos homens, mas garante que é respeitada e às vezes tem que aguentar as piadas em relação ao seu sexo. “Eles falam que lugar de mulher é pilotando o fogão ou o tanque, mas não o caminhão. Eu levo na esportiva, alguns até me cuidam”.

A motorista diz que às vezes precisa dormir nos postos de combustíveis e que recebe apoio dos colegas. O máximo que ficou longe de casa foi sete dias. “Eu durmo tranquila, eles me respeitam muito. Eu respeito eles e eles me respeitam e como disse, até me cuidam. Às vezes o caminhão estraga na rodovia, sempre alguém para e ajuda”.

Ela relata que a escolha na profissão tem os dois lados, a liberdade e os obstáculos. Com apenas três anos na profissão, Maria já passou por algumas situações. “Um dia veio uma carreta carregada e me jogou da pista, fique com o caminhão em duas rodas, mas segurei e não aconteceu nada”.

A caminhoneira sonha em tirar a carteira de motorista categoria E, e garante que quer ganhar o Brasil. “Aqui na empresa só a carreta sai do Estado, o caminhão é só interior com carga pequena. Eu carreguei no máximo 16 mil quilos”.

Quando indagada se acha importante o seu trabalho como uma das pessoas responsáveis por abastecer o Brasil e fazer com que os produtos cheguem às residências, humildemente responde:“tudo que a gente faz é importante. Todos nós somos importantes para o país, mas eu vou tirar minha carteira E, aí eu quero vê”.

Maria garante que não existe profissão de homem e de mulher, o que existe é a força de vontade para chegar onde quiser. “É só correr atrás que você consegue, eu consegui e vou melhorar”, concluiu.

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