Após morte, mais funcionários da GVT denunciam pressão e falta de segurança

Ao contrário do que diz a empresa, funcionários alegam que não trabalham com o devido equipamento de segurança

  • Midia Max

Após a morte do instalador Júlio César Aparecido Hormung de Castilho, ocorrido no último sábado (8), mais funcionários da GVT denunciaram à reportagem a pressão sofrida dentro da empresa e o não cumprimento de garantias trabalhistas, como o descanso semanal de 24 horas consecutivas.

“Fazemos de três a quatro horas de horas-extras todos os dias, trabalhamos sábado e domingo e se não formos, ameaçam nos despedir e falam que estamos de ‘corpo mole’, mas estamos no limite”, disse um trabalhador, que ainda citou que no dia do acidente Júlio estaria exausto e deveria ter trabalhado só pela manhã e não estar lá às 17h, horário da morte.

Os funcionários citaram o caso de outro que quando estava fazendo cabeamento em um poste caiu e quebrou o fêmur. “Não foi aberto um registro de acidente de trabalho, cortaram o aluguel do carro dele, tiraram o ticket alimentação, ele não pode trabalhar e depende de doações para não passar necessidade”, contou outro.

Um terceiro funcionário, que também pediu para não se identificar por falta de represálias, disse que ao instalar a TV, sobre um telhado, caiu e ao se segurar cortou a mão. “Levei 12 pontos e o médico me deu 10 dias de atestado para cicatrizar, mas me mandaram vir trabalhar e eu estou indo por medo de perder o emprego”, contou.

Os trabalhadores rebatem a versão da empresa que há equipamentos de segurança para todos. “Há mais de um ano estamos instalando TV, que tem que subir no telhado e nem sabíamos que tinham 10 equipamentos de segurança lá”, disse o funcionário que confirma a informação do Sinttel-MS (Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Telecomunicação de Mato Grosso do Sul) de desconhecimento e número reduzido, visto que há 80 instaladores.

Os instaladores Lincoln Pereira, 33 anos e Anderson Lopes, de 28 anos, denunciaram acúmulo de funções e promessas de promoções nunca cumpridas. “Passei nas avaliações, sempre me prometem, eu me mato de trabalhar e nunca chega”, disse Anderson. “Cansei de lutar pela promoção e agora eles nem querem dar as minhas contas”, disse Lincoln.

Há outro funcionário, que foi despedido há cerca de oito meses, que estaria com problemas na coluna devido ao esforço repetido de carregar a escada de apoio aos serviços. Ao levar um atestado médico pedindo a troca de função devido ao problema de saúde, o rapaz teria sido supostamente mandado embora com a justificativa de que agiu de má fé com o atestado. A reportagem não conseguiu retorno do contato com este trabalhador.