Ex-policial aposentado é espancado e morto por índios em Douradina

O desentendimento teria ocorrido por conta de uma cerca de arame, cortada pelos índios

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O policial militar aposentado Arnaldo Alves Ferreira, 68, foi morto na sexta-feira por um grupo de índios no distrito de Lagoa Rica, área rural do município de Douradina. Arnaldo era produtor rural e tinha uma propriedade no local. Após um desentendimento com alguns indígenas da região, o policial teria sido espancado, alvejado com flechas e atingido com golpes de facão.

Arnaldo estava sozinho, não resistiu aos ferimentos e morreu a caminho do Hospital da Vida em Dourados. As únicas testemunhas são os índios que teriam praticado o crime. O desentendimento teria ocorrido por conta de uma cerca de arame, cortada pelos índios. O fato irritou o produtor e teria iniciado os conflitos que resultaram no desfecho trágico. Um índio foi preso e nega ter agredido a vítima.

O delegado Marcelo Batistela, responsável pelo caso, falou sobre a motivação do crime. Ele contou que, segundo o que já foi apurado, o produtor rural construiu uma cerca elétrica na propriedade para evitar a fuga de gado, que ocorria recentemente. Essa cerca teria sido o motivo de um primeiro desentendimento ocorrido no início da semana passada, quando o produtor, sabendo que índios estariam cortando os arames do cercado, flagrou um dos indígenas em ação.

Depois de uma ríspida discussão, o índio acusado de cortar a cerca teria registrado Boletim de Ocorrência na Polícia Civil de Douradina. A polícia convocou o policial a depor e, segundo o delegado, na sexta-feira no trajeto até a delegacia, Arnaldo teria encontrado um grupo de índios e iniciado uma nova discussão que culminou nas agressões e na morte do policial.
Na versão dos índios, o produtor rural teria ido tirar satisfações a respeito dos danos causados à cerca que ele havia construído. Depois de uma discussão ríspida, Arnaldo, que estava armado, teria agredido um dos índios com coronhadas e disparado para cima, quando foi atingido por flechas e espancado.

Ainda segundo informações do delegado, as investigações a cerca do crime ocorrido na sexta-feira enfrenta alguns entraves. Um deles é em relação às testemunhas do ocorrido. Batistela informou que pelo menos 30 índios são as únicas testemunhas. Porém, eles estão entre os possíveis autores das agressões, fato confirmado pelos próprios indígenas na presença da polícia.
O índio preso, João da Silva, 51, autuado em flagrante acusado por homicídio, estaria envolvido na morte do policial militar aposentado. João foi atingido na cabeça e precisou ser encaminhado para o Hospital da Vida, onde recebeu o atendimento. Diante disso, o acusado negou participação no assassinato e disse que o ferimento em seu corpo foi causado pelos policiais.

Ele também alegou que os índios da região estavam bastante alterados no momento do crime e teria tentado evitar que matassem o policial. O crime teria sido praticado por vários índios, algumas agressões inclusive, feitas por mulheres e crianças.

Batistela afirmou ainda que há informações contraditórias a cerca do horário do crime. “Há informações sobre ter ocorrido de manhã, outros dizem ter sido à noite, e o índio preso diz ter ocorrido às 15h”, disse.

A polícia segue as investigações a cerca da motivação e dos autores das agressões que vitimaram Arnaldo.

O crime acontece quando nem mesmo terminaram as discussões a cerca do assassinato, em fevereiro, do índio guarani-caiová Denilson Barbosa, 15, na cidade de Caarapó. O menor foi morto por um fazendeiro no dia 17. O corpo foi encontrado com um tiro na cabeça na estrada que liga Caarapó a Dourados. O caso fez com que a ministra da Secretaria dos Direitos Humanos, da Presidência da República, Maria do Rosário, viesse ao Estado cobrar agilidade nas investigações. O fazendeiro confessou que atirou no índio.