Índios vão a Brasília mas Dilma não deve recebê-los

os índios terenas requerem 17,2 mil hectares de terras

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Aproximadamente 30 lideranças indígenas, entre terenas, guaranis e kadweús, estão a caminho de Brasília para se reunir nesta tarde com o ministro da Justiça José Eduardo Cardozo. A presidente Dilma Roussef não deve receber os índios, contrariando o anúncio feito na terça-feira pela Fundação Nacional do Índio (Funai).

Na pauta da reunião está o conflito entre os índios e os produtores rurais no estado. Os índios terenas querem a demarcação da terra que abrange 17,2 mil hectares dentro dos municípios de Sidrolândia e Dois Irmãos do Buri, 70 quilômetros de Campo Grande.

Eles também reivindicam a ampliação da reserva Taunay-Ipegue de 6,8 mil para 33,9 mil hectares em Aquidauana. Desde sexta-feira, um grupo ocupa a Fazenda Esperança, onde estão construindo uma aldeia.

Já a etnia Guarani luta pela criação de 39 novas áreas indígenas em 26 municípios do cone sul do Estado. No entanto, os fazendeiros resistem ao início dos estudos pela Funai. Na semana passada, produtores impediram o início dos estudos na Fazenda El Xadai, em Ponta Porã, que poderá resultar na declaração da propriedade como área indígena.

Em Corumbá e Porto Murtinho, os índios Kadiwéu exigem a retirada dos produtores de uma área de 160 mil hectares. Eles lutam há mais de 25 anos pela ampliação da reserva, que deverá atingir 538 mil hectares.

Líder Terena, Diomédson diz que espera voltar de Brasília com uma posição definitiva para o problema. Ela afirma que o Governo Federal há anos faz apenas promessas e resultado está ai. “Estamos cansados de promessas, o resultado disso são os conflitos”, critica.

O caso

Desde o ano 2000, os índios terenas requerem 17,2 mil hectares de terras. Segundo os índios, dois estudos, um feito pela Funai, e outro pela Justiça Federal, comprovaram que o território é terra indígena. E por isso, exigem que as terras sejam devolvidas a eles.

Os índios foram chamados após dois confrontos em Sidrolândia. Na Fazenda Buriti, durante a reintegração de posse, um índio morreu, três foram baleados e outros 30 ficaram feridos no confronto com policiais.

Na segunda-feira, em novo confronto entre produtores e índios, um indígena foi baleado. Após o conflito, o governador André Puccinelli (PMDB) pediu a intervenção das tropas federais no Estado. Ontem, o ministro da Justiça José Eduardo Cardozo veio ao Estado junto com 110 militares da Força Nacional e mais 100 policiais federais.