Jogador com doença rara vence a paralisia para disputar torneio de videogame em MS

Há quase 7 anos, Alexandre perdeu o movimento das pernas e, desde então, vive deitado em um colchão

  • Midia Max

O primeiro campeonato de Fifa 2014 de Campo Grande, que reúne amadores e profissionais do videogame neste sábado (5), tem um participante que já entra campeão na disputa. Alexandre Garcia Palhares, de 29 anos, não é apenas mais um competidor. Ele tem Fibrodisplasia Ossificante Progressiva, uma doença genética rara que afeta uma pessoa a cada 2 milhões e leva à paralisia.

Na FOP, como é conhecida a doença, a formação de ossos nas articulações restringe progressivamente os movimentos do portador. Por enquanto, não existe tratamento.

Há quase 7 anos, Alexandre perdeu o movimento das pernas e, desde então, vive deitado em um tempur, colchão especial que se molda ao corpo, alivia a pressão contrária e ativa a circulação sanguínea durante o sono, o colchão é o mesmo utilizado pelos astronautas da NASA.

Três anos depois de perder o movimento das pernas, Alexandre perdeu 98% dos movimentos dos braços. Mas, isso não o impediu de continuar fazendo o que gosta: jogar vídeo game e navegar na internet.

Este é o quinto campeonato da loja especializada em jogos e acessórios para computador que Alexandre irá participar, ele conta que contou com a ajuda de um amigo e do dono da loja para poder jogar o primeiro campeonato “presencial”.

“Fiquei sabendo que o torneio iria acontecer pela internet, aí pedi para um amigo conversar com o dono da loja sobre o meu problema para ver a possibilidade do campeonato ser online para que eu pudesse participar, aí o Abraão resolveu vir me conhecer e tornou isso possível”, lembra o jogador.

Se o Alexandre não pode ir até o local do campeonato, o campeonato vai até o Alexandre. Foi assim que o proprietário da loja resolveu esse pequeno empecilho e assim, levou os adversários do jogador para disputar os jogos do campeonato na casa dele.

Em um primeiro momento, isso causou certa desconfiança aos oponentes. Mas, hoje ele conta que, devido ao conforto, os adversários querem ficar por ali.

Ao ser questionado sobre pessoas que não participam destes eventos com medo de perder, Alexandre conta que nem pensa nisso antes de se inscrever e que a sua principal intenção ao participar destes torneios é poder conhecer novas pessoas, interagir com elas e se divertir.

Hoje, o jogador se prepara para o campeonato ao mesmo tempo em que leva com ele o pensamento de que uma pessoa que vive bem e aceita as limitações ou a doença, vive mais feliz do que uma pessoa que “se entrega” à doença.

Segundo ele, as pessoas reclamam da vida por pouca coisa, mas elas não fazem ideia de quantas pessoas não tem nada, ou quase nada e são felizes porque simplesmente aprendem a conviver com isso.

“Sou uma pessoa feliz, é muito difícil me ver triste. Eu não olho o meu problema como problema, não estou aqui para mostrar o meu problema e sim para mostrar para as pessoas que não preciso ter movimentos para ser feliz e fazer o que gosto. Não sei como agradecer ao Abraão de abrir mão de uma parte da sua estrutura para fazer com que eu participe do campeonato, hoje o considero não só o dono da loja de games e sim um grande amigo”, afirma Alexandre.

Alexandre pode até não ganhar um jogo sequer no campeonato, mas no jogo da vida, com certeza já é campeão.

Torneio

O evento acontece em uma loja especializada em games de Campo Grande e será dividido em três categorias: infantil, para jogadores de até 13 anos, casual, para jogadores que simplesmente aproveitam o jogo sem mexer em táticas, posicionamento dos jogadores entre outras, e profissional, para os mais fissurados por todas as opções táticas que o jogo proporciona.