Mato Grosso do Sul só deve ter vacina contra a dengue em dois anos

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Com 102.026 casos notificados e 30 mortes registradas em 2013 no Estado, a dengue é alvo de, ao menos, quatro pesquisas mundiais para desenvolvimento de vacina . Na corrida científica, a luta é para tornar viável a imunização os quatro subtipos da doença, que, de tempos em tempos, assola Mato Grosso do Sul, com superlotação da rede pública, doentes prostrados e vidas perdidas.

No cenário mais favorável, serão dois anos para que a vacina seja produzida em larga escala. “Temos uma vacina, que é da Sanofi Pasteur, que está na fase 3 dos testes. É a última fase antes da fabricação, do registro como produtor comercial”, afirma o médico infectologista e diretor técnico da Fiocruz, Rivaldo Venâncio da Cunha.

Ele explica que o maior desafio é conseguir uma vacina contra os quatro subtipos do vírus da dengue. Desta forma, a pesquisa consome bastante tempo. Em 2011, voluntários de Campo Grande receberam dose da vacina para o teste de eficiência.

Realizada por meio de parceria entre o NIH, laboratório dos Estados Unidos, e o Instituto Butantan, a vacina está na fase 2. De acordo com a Agência Brasil, os voluntários serão de São Paulo, todos adultos saudáveis e que nunca tiveram dengue. Depois, a vacina será em pessoas que já tiveram a doença. A pesquisa dos laboratórios Inviragen/Takeda também está na fase 2.

Desenvolvida pelo Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos da Fundação Oswaldo Cruz e a GSK (GlaxoSmithKline), a vacina tem a previsão de ser testada em humanos ainda neste ano. No entanto, não vai ter vacina para todo mundo. Desta forma, a exemplo de como é feito com a gripe, o Ministério da Saúde deve definir os grupos prioritários para imunização.

Apesar de ainda não ter comunicado da OMS (Organização Mundial de Saúde), já foi notificado o tipo cinco da doença na Malásia. “O artigo publicado foi bem convincente”, afirma o especialista. Conforme Rivaldo Venâncio, a vacina pode seguir o princípio da vacina contra o HPV. “Tem uma vacina para dois sorotipos e outra contra outros quatro”, explica.

Com recursos de R$ 5,3 milhões, o Ministério da Saúde realiza um estudo para indicar as áreas e os públicos prioritários a serem imunizados contra a dengue.

O estudo é dividido em três partes: inquérito soroepidemiológico morbi-mortalidade e imunidade celular. O inquérito soroepidemiológico será realizado em 63 cidades representativas das cinco regiões do país.

O objetivo do inquérito é determinar o grau de imunidade da população à infecção pelo vírus da dengue. Serão coletadas cerca de mil amostras de sangue por cidade, na faixa etária de 1 a 20 anos.