Motorista mais idoso de MS tem quase 100 anos e reclama do trânsito

Ele e a esposa, dona Carmélia Pereira de Viveiros, 84 anos, gostam de passear

  • Midia Max

Clóvis Cursino de Viveiros tem 96 anos, ex-motorista de caminhão e de táxi, conta que só deixou de trabalhar, há quase 20 anos, porque sofreu um acidente e não quis mais saber do ofício. “Quando eu tinha 72 anos ainda trabalhava como taxista ali na praça. Um dia um bêbado veio e me fechou. Fiquei muito machucado e não aconteceu nada com ele. Nem o meu carro pagou. Ai não quis mais trabalhar”, revela.

O acidente que o fez deixar a profissão foi o único em 69 anos de direção. Orgulhoso de nunca ter provocado um acidente sequer, diz que falta respeito no trânsito. “Nunca ataquei ninguém, só fui atacado. As pessoas não respeitam as outras, por isso tem tanto acidente. Você está dirigindo certinho, mantendo a distância de segurança aí vem o cara e te fecha”, conta.

“Os piores são os motociclistas. Eles andam costurando, em um vai e vém, por isso que se machucam tanto. Não respeitam ninguém, nem eles mesmos”, critica.

Mas, apesar da violência no trânsito, seo Clóvis diz que não vai parar de dirigir. A independência de fazer o que quer, na hora que quer ele não troca por nada. “Hoje, eu prefiro que me carreguem, mas para não ficar dependendo de ninguém não paro de dirigir. Tenho meu carro, que troquei este ano, e quando quero fazer alguma coisa vou embora”.

Ele e a esposa, dona Carmélia Pereira de Viveiros, 84 anos, gostam de passear. Ela conta que sempre vão para a fazenda e para a casa da cunhada dela.

A paixão do marido pela direção nunca a contagiou. Ela revela que nunca quis aprender a dirigir. “Para que se eu o tinha para me carregar. E hoje além dele, tenho os filhos, são treze, todos dirigem. Então, quando quero passear, ou vou com ele, ou com um dos filhos”, diz.

Fonte da Juventude

Muito ativo, seo Clóvis conta que para se manter bem, além de não deixar de fazer o que gosta cuida da saúde. Ele diz que até hoje faz academia para manter a forma e não guarda mágoa de ninguém. “Deus me deu saúde e trato de mantê-la. Não tenho inimigos, nem desconhecidos, em todo lugar faço amizade. Se estou na fila do banco, quem estiver à frente e atrás de mim já fica meu amigo”, conta, revelando que gosta é de conversar.

Para ele, o segredo esta ai: não se aborrecer e aprender a tolerar. “Aprendi desde cedo que temos que saber tolerar. Tem que ter paciência”, diz.

E assim, com tranquilidade seo Clóvis, dona Carmélia e o uno da família vão a qualquer lugar. Afinal, com tanta simpatia não há onde não sejam bem-vindos.

Estatísticas

Conforme dados do Detran-MS (Departamento Estadual de Transito de Mato Grosso do Sul) no estado existem 960.672 pessoas habilitadas em todas as categorias, destas 125.338 são idosos, pessoas com 60 anos ou mais.

Dos 329 acidentes que ocorreram envolvendo idosos no ano passado, em 182 (cerca de 60%), eles não estavam conduzindo os veículos. Ou eram passageiros, ou estavam em bicicletas.
nestes acidentes, quatro idosos morreram. Um era pedestre e três estavam em bicicletas.

Neste ano, até setembro, já ocorreram 259 acidentes com idosos, um veio a óbito. Assim como no ano passado, na maioria dos casos, 138, os idosos não conduziam os veículos envolvidos no acidente.