Proprietários de cães não permitem visita do CCZ e podem pagar multa de até R$ 15 mil

"Se ela tem a doença, eu tenho direito de fazer o tratamento”

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Há dois anos a contadora Selma Cristina de Melo Cordeiro ganhou do irmão a cadelinha Frida, uma simpática vira-latas, que agora pode virar um problema de até R$ 15 mil caso ela seja mesmo multada pela Prefeitura Municipal de Campo Grande. “Tudo isso porque eu não deixo o CCZ levar minha cadela para ser sacrificada, não vou deixar, meu filho tem 13 anos, é apaixonado pela cadela, cuida dela, e se ela tem a doença, eu tenho direito de fazer o tratamento”, explica ela sobre o fato de funcionários do Centro de Controle de Zoonoses terem tentado recolher a cadela para a eutanásia, alegando que a mesma tinha leishmaniose.

Segundo Selma, tudo começou quando os funcionários do CCZ foram até o bairro e passaram em todas as casas da rua. “Eles chegam, querem que a gente assine papel, querem entrar e eu não deixo, eu então conversei com o veterinário que indicou a medicação para a Frida e ela está muito saudável”, afirma. Segundo ela, no entanto não foi apresentado comprovante de tratamento da cadela. “Agora preciso ser orientada para isso, estou com muito medo”.

O mesmo problema ocorre na casa ao lado, onde mora o irmão de Selma, o marceneiro Carlos Alberto Cordeiro, dono de “Loirinha”, Bernardo e Pitica, os cães da família. Ao optarem pelo tratamento dos animais, ambos foram notificados via Diário Oficial e agora tem medo de ter que pagar multa. Ela foi notificada no dia 20 de dezembro e Carlos no dia 3 de janeiro, a multa segundo o Diogrande varia entre R$ 100 e R$ 15 mil.

“Eu cuido da minha cadela direito, meu irmão então, gasta mais com os cachorros do que com ele, e agora a Loirinha foi atropelada, estamos todos sofrendo”. Carlos foi multado por uma visita feita em outubro de 2010.

Segundo o texto do Diogrande, os servidores fizeram nova visita em julho de 2013 e foi constada que a cadela “Loirinha” ainda estava viva e que o mesmo tinha dado falsa declaração de óbito. “Imagine, esse tempo todo? Eles guardam memória do cachorro? Tiraram fotos?”, questiona.

Caso Scooby virou exemplo

O filho dela, Douglas Douglas Cordeiro Cruz Rocha também reclamou do trabalho do órgão da prefeitura. “Eu já entreguei um cachorro para o CCZ e chorei muito, depois eu vi o caso Scooby e sei que tenho o direito de fazer o tratamento dela e todo dia damos o remédio, fica tudo limpo e ela está muito saudável”, afirma o menino pegando Frida no colo e já recebendo um carinho da cadela.

Diogrande

As notificações expedidas pela prefeitura alegam que o proprietário “obstou, retardou e dificultou a ação do órgão sanitário responsável, devidamente comprovado por preenchimento de falsa declaração de óbito do animal de nome “Loirinha” de sua propriedade e que o proprietário “Não tomou as providências cabíveis (entrega dos animais para eutanásia, ou dos resultados dos exames efetuados por médico veterinário de clínica veterinária para diagnóstico da LVC por outro laboratório, ou informar o órgão sanitário de sua decisão quanto aos procedimentos a serem realizados nos animais) quanto aos resultados positivos para leishmaniose em seus cães, colocando em risco o bem-estar pessoal e o da coletividade, visto a manutenção de animais, em domicilio, portadores de zoonose de relevância em Saúde Pública, contrariando, pois, a legislação sanitária vigente supracitada, tipificado como infração sanitária (...)”.

Vários outros proprietários foram notificados pela prefeitura.

Em contato com a assessoria de imrpensa da Prefeitura "de acordo com o CCZ, quando o domicílio é visitado para coleta de material para exame, o proprietário do cão deve assinar um termo consentindo a coleta. Se não estiver em casa, é deixado um aviso para que vá ao CCZ fazer a coleta. Caso não concorde, não há medidas contrárias ao proprietário. Quando sai o resultado, o proprietário é informado por telefone", informou por e-mail.

Segundo a prefeitura, em caso do exame der positivo para leishmaniose, o dono é informado que deve levar o cão para eutanásia.

"Se não levar, será lavrado um auto de infração (não foi informado sobre multa). De acordo com o técnico, tanto o Ministério da Saúde quanto o Conselho Federal de Medicina Veterinária mantém a mesma posição: não há comprovação científica de que o tratamento para leishmaniose (feito por muitos proprietários de cães) livra o animal de continuar como fonte de infecção, com carga parasitária para infectar um mosquito que o picar", informou a nota.