Capital é campeã no consumo de carne gorda, mas 2ª em hortaliças

Obesidade estabiliza no país e Campo Grande está entre as mais saudáveis

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Capital é campeã no consumo de carne gorda, mas 2ª em hortaliças

Dados da pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel 2014) divulgados nesta quarta-feira (15) pelo Ministério da Saúde revelam que a obesidade está estável no Brasil, porém o número de brasileiros acima do peso vem crescendo de forma alarmante. Campeã no consumo de carne gorda, Campo Grande ficou em segundo no consumo de hortaliças e frutas.

Segundo o estudo, o excesso de peso atinge 52,5% da população adulta do país. Essa taxa, nove anos atrás, era de 43% - o que representa um crescimento de 23% no período O excesso de peso na população masculina chega a 56,5% contra 49,1% nas mulheres

Para o Ministério da Saúde, o fator preocupante é que os quilos a mais são fatores de risco para doenças crônicas como as do coração, hipertensão e diabetes. Os dados foram coletados em 26 capitais brasileiras e no Distrito Federal através de enquetes telefônicas, entre fevereiro e dezembro de 2014. Ao todo, 40.853 pessoas com mais de 18 anos.

Realizada desde 2006 pelo Ministério da Saúde, a pesquisa, ao medir a prevalência de fatores de risco e proteção para doenças não transmissíveis na população brasileira, serve para subsidiar as ações de promoção da saúde e prevenção de doenças.

“O Brasil tem feito algo inédito no mundo, que é manter esse sistema de monitoramento durante tantos anos. O mais importante neste momento é deter o crescimento da obesidade. E nós conseguimos segurar esse aumento. Isso já é um grande ganho para a sociedade brasileira”, ressaltou o ministro da Saúde Arthur Chioro durante a coletiva de apresentação da pesquisa nesta quarta-feira (15).

Já o médico cardiologista e membro da Academia de Medicina de Mato Grosso do Sul, Luiz Ovando, os resultados que indicam a estabilidade da obesidade não devem ser encarados com tanto otimismo. Para ele, o excesso de trabalho das civilizações ocidentais é o grande vilão que impede a eliminação da obesidade. “As pessoa só pensam em acumular riquezas e não dão a importância devida aos exercícios físicos e a vida saudável”, argumenta.

O cardiologista vai além e enfatiza que a obesidade é a raiz de todos os males, já que as demais doenças advém de um processo onde a preocupação com uma alimentação adequada é inexistente. “Quando engordamos muitas vezes nossa auto-estima cai e daí surge a depressão, não conseguimos mais desempenhar as atividades rotineiras devido a uma artrose e na sequência vem a falta de ar e insônia. Acaba virando um ciclo vicioso”, ressalta.

O estudo também revelou que o sobrepeso é maior entre os homens. O índice de excesso de peso na população masculina chega a 56,5% contra 49,1% entre as mulheres. Em relação à idade, os jovens (18 a 24 anos) são os que registram as melhores taxas, com 38% pesando acima do ideal, enquanto as pessoas de 45 a 64 anos ultrapassam 61%. 

Um dado curioso é que o sobrepeso é maior entre as pessoas com menor escolaridade. Quem nunca frequentou a escola ou teve até oito anos de estudo, registram o maior índice (58,9%), enquanto 45% do grupo que estudou 12 anos ou mais está acima do peso. As mesmas diferenças se repetem com os dados de obesidade. O índice é maior entre os que estudaram por até oito anos (22,7%) e menor entre os que estudaram 12 anos ou mais (12,3%).

De acordo com o cardiologista, os números referentes ao sobrepeso masculino já eram observados pro ele há 12 anos, quando percebeu que pelo menos 70% dos funcionários homens de uma empresa que passaram por exames em seu consultório, apresentavam excesso de peso.

Escolhas inteligentes - Em contrapartida ao aumento do número de pessoas acima do peso, a pesquisa aponta que o brasileiro está levando para a mesa mais frutas e hortaliças. Do total de entrevistados, 36,5% disseram consumir esses alimentos cinco ou mais dias da semana. Mas o índice cai para 24,1%, equivalente a um quarto da população, quando se considera a quantidade recomendada pela OMS – cinco ou mais porções diárias, 400 g. As mulheres são as que mais diversificam seus pratos. O consumo recomendado de frutas e hortaliças entre elas sobe para 28,2% enquanto entre os homens cai para 19,3%.

Nesse quesito da pesquisa, os campo-grandenses tem muito a comemorar. A Capital, com 26%, está entre as dez que mais consomem frutas e hortaliças, atrás apenas do Distrito Federal, com 29%. Na sequência vem Goiânia, com 25%. Mas o campo-grandense ainda não é muito adepto de um churrasco light e colocou a Capital entre as oito com o maior índice de consumo de carne com gordura, com 39,7%, a frente de Goiânia (36,8%) e seguida, em terceiro, por Cuiabá (43,7%).

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