Caso Ronaldinho tem ao menos três documentos falsificados emitidos em série

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As identidades usadas por Ronaldinho e Assis - Foto: Reprodução/Ministério Público do Paraguai
As identidades usadas por Ronaldinho e Assis - Foto: Reprodução/Ministério Público do Paraguai

Além dos documentos utilizados por Ronaldinho e seu irmão, Roberto de Assis Moreira, há uma terceira identidade paraguaia de conteúdo falso relacionada ao caso. Ela pertence ao empresário brasileiro Wilmondes Sousa Lira, detido junto aos ex-jogadores. Os três documentos têm números sequenciais, o que indica que teriam sido emitidos no mesmo dia. As informações são do jornal paraguaio "ABC Color".

Em coletiva de imprensa, um dos advogados de Ronaldinho, Adolfo Marín, foi Lira quem entregou os documentos aos irmãos ainda no Brasil. A defesa sustenta que o ex-jogador não solicitou esses documentos, não forneceu dados para sua confecção e que os recebeu em casa "há 20 ou 30 dias".

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O advogado insistiu, ainda, que os irmãos não precisariam falsificar documentos paraguaios porque têm passaportes brasileiros vigentes, "que lhes permitem ir a qualquer lugar do mundo". Além de responsabilizar o empresário pelo crime, ele declarou que não descarta tomar medidas legais contra Lira no futuro.

De acordo com as fotos dos documentos apreendidos e uma nota que a empresária Dalía López, responsável pela visita do craque, apresentou no aeroporto, é possível perceber que os passaportes apresentados são sequenciais:o de 3.122.655 está no nome de Lira, 3.122.656 no de Ronaldinho e 3.122.657 no de Assis. Ainda segundo o ABC Color, Dalía tem relações estreitas com Lira por meio da esposa do empresário, Paula Oliveira Lira. A anfitriã considera-a "uma grande amiga", conforme declarou à revista Caras em uma entrevista concedida no mês passado.

Nesta quinta-feira, R10 prestou depoimento ao MP e foi liberado. Marín declarou à imprensa paraguaia que "não há restrição de circulação" para Ronaldinho e Assis, mas que eles permanecerão no país enquanto o caso não for solucionado. Os documentos utilizados pelos ex-jogadores são foram emitidos por órgãos oficiais, em nome de cidadãs paraguaias, mas foram adulterados para incluir seus dados. Suas proprietárias, María Isabel Galloso e Esperanza Apolonia Caballero, também foram detidas.

O diretor-geral de imigração do Paraguai, Alexis Penayo, pediu demissão nesta quinta. Ele vinha recebendo críticas pelo fato de o Departamento de Migrações não ter detido os brasileiros ainda no aeroporto. Apesar de reconhecer que um funcionário liberou R10 e Assis, ele criticou "a falta de apoio dos superiores" e a cobrança imposta às autoridades de migração em vez de aos responsáveis pela emissão do documento. Ainda segundo o ABC Color, a Polícia Nacional e o Ministério do Interior foram notificadas logo após as autoridades migratórias constatarem as irregularidades, mas só agiram 12h depois.

Em 2018, os passaportes de Ronaldinho foram apreendidos até que fossem pagas multa e indenização fixadas em um processo por dano ambiental. Ele foi condenado por construir ilegalmente um píer, com plataforma de pesca e atracadouro, na orla do Lago Guaíba, em Porto Alegre. A estrutura foi montada sem licenciamento ambiental em Área de Preservação Permanente. A multa foi superior a R$ 8,5 milhões. Em setembro do ano passado, porém, um acordo foi feito com o Ministério Público do Rio Grande do Sul e os passaportes foram recuperados.

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