Criança índigena que sofre de ‘fogo selvagem’ recebe ajuda para tratamento

Segundo os pais primeiros sintomas surgiram há seis meses. Família reside na linha de fronteira, entre Cel. Sapucaia e o Paraguai

  • Alexandre Duarte

Sérgio Pires, de apenas quatro anos sofre há seis meses com um grave problema dermatológico que descama a pele, gera muita coceira e consequentemente surgem várias feridas por todo o corpo. Na sexta-feira (06), acompanhado dos pais, a criança foi trazida até Dourados, onde foi diagnosticada em uma clínica particular, que constatou que se tratava de ‘fogo selvagem’.

A criança é de família indígena e reside na linha de fronteira entre o município de Coronel Sapucaia e o Paraguai. O caso foi descoberto semanas atrás por Aristides Montania, que faz parte da ‘Associação Beneficente Lar Cristo Redentor. “Nós trabalhamos atendendo pessoas carentes e tentamos ajudar de todas as formas. Em uma das nossas visitas na zona rural, nos deparamos com o caso do menino Sérgio. A família não sabia o que fazer e a criança já estava tomada pelas feridas, então comuniquei o caso para a mídia local”, relatou.

Dias depois o fato foi noticiado pelo site Dourados News, foi quando a vereadora Virgínia Magrini tomou conhecimento do caso. “Assim que vi a situação da criança eu fiquei chocada e comecei a procurá-los a fim de oferecer ajuda. Foi então que conseguimos trazê-los para Dourados. Tentei encaminhar pelo SUS [Sistema Único de Saúde], porém, me informaram que sem um encaminhamento, um diagnóstico, não seria possível. Então procurei o Dr. Maurício, da Clínica Renascença, que topou nos ajudar”, explicou.

Ainda conforme Virgínia, a família é de origem paraguaia e não tem documentação brasileira, logo não possuem o cartão do SUS. A vereadora explica que os pais trabalham como diaristas em fazendas da região e não tinham condições de tratar a criança, tanto por questão de financeiras, como pelo fato de não existir nenhum médico especializado em dermatologia em Coronel Sapucaia.

Amigos e familiares da criança suspeitavam de ‘fogo selvagem’, hipótese que foi confirmada pelo médico após o diagnóstico. Apesar da aparência, o caso não é dos mais graves e pode ser tratado na cidade de origem. Os pais da criança levaram para casa toda a medicação necessária para o tratamento da doença. O pequeno Sérgio agora está internado no Hospital de Cel. Sapucaia em observação, onde deve permanecer até o final desta semana.

Fogo Selvagem

Conforme artigo publicado pelo Dr. Drauzio Varella, em seu site pessoal, o fogo selvagem acomete principalmente crianças e jovens das áreas rurais de algumas regiões. Sua principal característica é o aparecimento de bolhas superficiais na cabeça, pescoço e tórax, que depois se espalham pelo corpo todo e arrebentam, deixando no lugar feridas abertas que criam crostas, doem e ardem, como se tivessem sido provocadas por queimaduras. Outro marca importante dessa forma da doença é que as lesões jamais aparecem na mucosa oral.

Alguns estudos em andamento sugerem que o pênfigo foliáceo endêmico pode ser transmitido por mosquitos. Essa seria a explicação para os casos estarem mais concentrados nas áxreas próximas às regiões de desmatamento do País.