Entidade internacional reúne jornalistas para discutir liberdade de expressão
Encontro organizado pela “Artigo 19” ocorre durante todo o dia em Dourados; jornalista mexicano fala sobre a profissão na fronteira com EUA

Jornalistas que trabalham em cidades da fronteira com o Paraguai, principalmente na cobertura da área policial, participaram nesta quinta feira (28) em Dourados, de um encontro de comunicadores promovido pela entidade internacional “Artigo 19” que atua em todo o mundo em defesa da liberdade de expressão e liberdade de imprensa.
Reunidos em um dos auditórios da Faculdade de Direito da UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados), eles discutaram a situação da liberdade de imprensa na região de fronteira.
De acordo com Julia Lima, que trabalha na área de pesquisa e análise do Programa de Liberdade de Expressão da Artigo 19, o objetivo do encontro em Dourados era ouvir os profissionais, conhecer melhor o contexto, entender os desafios e dificuldades “e juntos iniciarmos uma rede que consiga pensar em estratégias para avançar e superar essas questões e garantir a segurança dos profissionais que cobrem temas relacionados à fronteira”.
Nas rodas de conversa, os jornalistas presentes puderam expor suas experiências. O objetivo da entidade é, num segundo momento, criar uma rede de comunicadores para agir em conjunto para diminuir a vulnerabilidade da atuação profissional.
Mexicano – O jornalista Sergio Haro, especializado em cobertura de temas de fronteira no México, participou do encontro. Repórter de um semanário no estado de Baja California, na fronteira com os Estados Unidos, Haro veio para falar do trabalho jornalístico em seu país e compartilhar estratégias de segurança para o desenvolvimento da profissão.
“É importante trocar experiências sobre situações vividas por jornalistas em regiões de fronteira, porque o que se vive aqui é semelhante ao que vivemos no México, nos últimos anos. Não se trata de ver onde tem mais violência ou menos violência, mas sim descobrir o que podemos fazer para tornar essa situação menos difícil”, afirmou Haro.
Crime organizado - Segundo ele, vários jornalistas e até o diretor do jornal para o qual trabalham foram assassinados. “Acredito ser importante que os jornalistas se organizem para enfrentar essa situação de violência que está cada vez maior e nós estamos no meio dessa violência”.
Sergio Haro contou que na fronteira do México com os Estados Unidos os maiores ataques a jornalistas vêm de integrantes dos governos e da polícia ligados ao narcotráfico. “Isso é uma constante, onde há crime organizado há policiais corruptos, há servidores corruptos, há políticos corruptos. E nós jornalistas temos que denunciar, porque se não fizermos nada, a situação só vai piorar”.