Padre de Campo Grande é afastado após suspeita de ter engravidado adolescente

  • Midiamax e Campo Grande News
O padre foi afastado da função religiosa (Fernando Antunes)
O padre foi afastado da função religiosa (Fernando Antunes)

Na manhã de terça-feira (29), a Arquidiocese de Campo Grande, por meio do arcebispo dom Dimas Lara Barbosa, divulgou o afastamento do padre Jocerlei José Tavares, que exercia funções de vigário paroquial da Paróquia Santa Rita de Cássia, localizada no Bairro Universitário, região sul da Capital. Ele foi afastado após denúncia de que teria engravidado uma adolescente de 16 anos.

De acordo com a nota, o caso foi passado para a Província Nossa Senhora Conquistadora dos Padres e Irmãos Palotinos de Santa Maria (RS), à qual Jocerlei pertence, que comunicou o afastamento do padre. Segundo o Jornal Midiamax, a Arquidiocese ainda declarou ao que lamenta o ocorrido, que este é um caso isolado e prestará todo o apoio à família.

O caso é investigado pelo delegado Paulo Sérgio Lauretto, da Depca (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente). Segundo o delegado, a mãe da adolescente de 16 anos procurou a polícia para registrar o suposto estupro. “Vamos ouvir todos os envolvidos, porque temos apenas uma declaração unilateral dos fatos”, afirma o delegado.

Ainda de acordo com Lauretto, um inquérito policial será instaurado para que os fatos sejam analisados. “Só podemos confirmar que houve o registro do boletim de ocorrência na sexta-feira e essas pessoas serão ouvidas. Temos que verificar a legalidade ou não do ato”, explica o delegado. Segundo Lauretto, o estupro de vulnerável é caracterizado quando a vítima tem menos de 14 anos ou quando há resistência. A adolescente também passará por exames médicos, para comprovar se está grávida.

COMUNIDADE CHOCADA

A igreja cresceu após a chegada do padre (Foto: Gerson Walber)

A igreja cresceu após a chegada do padre (Foto: Gerson Walber)

De acordo com o site Campo Grande News, a gravidez da adolescente de 16 anos, após um relacionamento com o padre Jocerlei José Tavares, vigário da Paróquia Santa Rita de Cássia, no Bairro Universitário, chocou moradores e fieis da região. A população custou a acreditar na notícia sobre o “romance” entre a menina e o religioso, que ajudou a levantar a paróquia.

Na Rua João Maiolino, onde fica a igreja, o clima é de tensão. Poucos comentam sobre o assunto, mas pudera, a história ainda é recente e o padre aclamado por todos. A artesã Sirlei Garcia de Almeida, 35 anos, ficou sabendo do caso através da equipe do Campo Grande News e ficou sem reação após a notícia.

“Um padre! Se não pode confiar em um padre, vamos confiar em quem?”, comentou a artesã. Mesmo surpresa, ela lembrou os bons atos do vigário. “Antes a igreja era nada. Ele levantou tudo”, destacou.

Os que não frequentam o templo, também ficaram espantados. “Isso é um absurdo. Um padre!”, comentou um morador que não quis se identificar. “Podia ter usado camisinha”, ironizou outro.

O militar João Paulo Santana Gomes, 22, voltou à igreja no mesmo período em que Jocerlei chegou, em 2010. Por conta da volta ao catolicismo, o rapaz criou um vínculo de amizade com o vigário, custando a acreditar na gravidez da adolescente. “Não acho correto. É complicado”, comentou.

Ele confessou que o religioso foi muito importante para os fieis do bairro, principalmente para a juventude. “Ele incentivava, dava apoio. Conseguia as coisas, quando íamos fazer um retiro”, lembrou o militar. Jocerlei sempre cobrou os bons costumes dos fieis, assumiu João Paulo. O religioso esperava que os frequentadores da igreja fossem coerentes também no agir, não somente no falar.

O sacerdote foi ordenado padre em dezembro de 2004, se tornando pároco em 2010. Ele permaneceu na função até 2013, quando foi substituído pelo padre Sérgio Coldebella, se tornando vigário da paróquia.

Abuso – De acordo com o registro da polícia, a mãe da vítima levou a adolescente até a Santa Casa no dia 23 deste mês. A garota estava inchada, então a mãe desconfiou de problemas renais, mas ao chegar ao hospital, a vítima contou que foi estuprada por um motociclista, porém não sabia quem era.

Na Depca (Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente), durante depoimento, a menina sustentou a versão de estupro, apontando que conversaria sobre o caso com a mãe, quando chegasse em casa. Na residência ela foi pressionada pelos irmãos e os pais para contar a verdade, quando revelou que o suspeito seria próximo a família e frequentava a igreja.

Com isso a irmã da menina sugeriu o nome do padre, sendo confirmado pela adolescente. A irmã contou a mãe que há alguns meses, Jocerlei enviou uma mensagem pelo aplicativo Whatsapp. A menina disse que o vigário pediu para ela enviar uma foto, porém ela se recusou. Este pedido que levantou a suspeita da irmã de que o religioso poderia ser o responsável pela gravidez.

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