Pesquisa aponta que metade dos brasileiros não se desligam do trabalho após jornada

Consulta ouviu 3.769 pessoas nas principais metrópoles do País no mês de agosto

  • Midia Max

Mudanças tecnológicas e da própria filosofia de trabalho fazem com que quase metade dos brasileiros com atividade produtiva invada sua vida pessoal com preocupações e atividades profissionais de acordo com pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O levantamento fez um contraponto aos dados da última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE, que indicou uma diminuição da permanência no ambiente de trabalho. Em Campo Grande algumas atividades tem rotina de cidade grande.

“Meu trabalho é baseado em visitas e tem uma meta diária. Então é muito difícil que eu feche o número programado no horário previsto. Além disso, minha função envolve também a conferência de emails, produção de planilhas e relatórios. Há muitas vezes que abro mão da minha vida pessoal por conta da responsabilidade profissional, inclusive aos domingos. É o preço por um bom desempenho”, conta a representante técnica de vendas de um laboratório, Alice Venturin.

A pesquisa consultou 3.769 pessoas nas principais metrópoles do País no mês de agosto e 39% dos consultados respondeu que o trabalho atrapalha sua qualidade de vida por ir além da jornada oficial. Em 45% foi dito que existe uma dificuldade de se desligar do trabalho fora do horário do serviço e 78% afirmaram que gostariam de trocar de empresa ou profissão por conta do tempo livre.

Conforme a última Pnad, mostrou-se que entre 1992 e 2009 houve uma redução em 10% do número de indivíduos que trabalham mais de 45 horas oficialmente em uma organização. A limitação da jornada legal, entretanto não tem representado nos dias atuais uma maior liberdade ao trabalhador.

Curiosamente o levantamento da Ipea informa que o principal ‘vilão’ do tempo livre não é o vínculo do profissional com mais de um emprego, apesar do crescimento do número de free-lancers no Brasil. Um percentual de 26% dos entrevistados disse que fica em regime de prontidão para solicitações do trabalho no período de descanso enquanto apenas 4% relatou ter outra fonte laboral remunerada.

“A pessoa perde a rotina de lazer com a prontidão de sua profissão além da jornada ou com a continuidade de suas funções mesmo no horário de descanso. As conseqüências de não ter uma vida social satisfatória podem ser a frustração da pessoa, que tem também risco de desenvolver quadros de ansiedade e angústia. Outro ponto importante é que muitos indivíduos mesmo trabalhando além do horário normal não obtêm o retorno financeiro e na carreira que almejam. Então na busca de reverter esse cenário ficam em alerta 24 horas atrás de soluções para a sua vida”, explica a psicóloga Glace Siqueira.