Todos os estagiários do Mais Educação em Dourados são demitidos com aviso prévio de apenas um dia

Universitários afirmam que se sentem lesados e desrespeitados pela prefeitura de Dourados

  • Karina Veríssimo
Laura Rebeca relata sua indignação com a prefeitura de Dourados no Facebook (Reprodução Facebook)
Laura Rebeca relata sua indignação com a prefeitura de Dourados no Facebook (Reprodução Facebook)

Menos de um mês após a reivindicação dos estagiários dos Ceim’s (Centro de Educação Infantil Municipal) sobre o atraso no pagamento das bolsas estudantis, a prefeitura municipal de Dourados, por meio da Secretaria de Educação, tomou a decisão de demitir todos os estagiários do Programa Mais Educação. Um email enviado pela Secretaria, assinado pelo coordenador do Programa, Espedito Saraiva Monteiro, no dia 10, informou aos gestores das escolas que o desligamento dos estagiários deveria ocorrer no dia seguinte, 11, impreterivelmente.

A justificativa para o encerramento dos contratos, de acordo com o email, é a “crise financeira que o Brasil atravessa e o município de Dourados, como outros municípios brasileiros, passa por essa crise financeira também”. Estagiários não são previstos e nem incluídos no projeto do Mais Educação, onde a contratação deveria ser somente de monitores.

Na cidade, 45 escolas estão cadastradas no programa, onde cada estagiário atende em média 100 alunos para aulas de reforço, e nem em todas as instituições há o professor monitor. Com base na ação sem aviso prévio, hábil os estagiários se sentiram lesados, enganados e menosprezados, onde não vão receber nem 15 dias da bolsa.

Uma comissão dos universitários procurou a reportagem da 94FM para relatar o descaso com a educação de Dourados e sobre se sentirem “usados” no desfile cívico de 7 de setembro para mostrar à sociedade que estava tudo bem com a educação. “Fizeram um teatro no desfile de um programa que eles já iriam cortar, de algo que não existe. Tudo somente para mostrar ao povo de Dourados que estava tudo bem, mas não é bem assim. Se não estavam recebendo, se o programa já iria acabar, porque deixou aquele teatro na Marcelino Pires?”, indagou Jonathan da Silva.

De acordo com Marinisa Muzoguichi, secretária de educação, o desligamento se dá pela falta de repasses federais do programa ao município. “Não depende de mim manter os estagiários, não tendo este recurso federal, não tenho o que fazer”, disse a secretaria, complementando que irá à Brasília semana que vem verificar o que está acontecendo com os repasses.

Marinisa disse ainda que este é “um problema nacional, onde houve queda na arrecadação e dificuldade de repassar a verba, tornando a economia imprevisível e instável”.

Já Laura Rebeca classifica o corte como falta de planejamento e falta de respeito e consideração com a educação do município. “Há estagiários que precisam da bolsa para honrar compromissos. “Não nos deram nem a oportunidade de nos programar, o aviso de rescisão foi dado com um dia de antecedência, e como ficam aqueles que precisam da bolsa? Não houve moralidade nesta questão”, indagou.

A angústia também é sentida por Bruna de Moraes que pagava o aluguel com o que recebia da bolsa. “Não vamos receber nem 15 dias de salário, não nos avisaram para procurarmos outra coisa, e como vou pagar o aluguel, o que vou fazer?”, relatou.

Diante do impactante cenário econômico ao qual o país enfrenta, fica cada vez mais notório que a educação é algo “supérfluo” para as gestões e, infelizmente, quem acaba sofrendo são as crianças e adolescentes, o futuro de uma nação doente e falha em vários aspectos.

94Fm


Coordenadores das escolas foram notificados do desligamento dos estagiários com um dia de antecedência por email.

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