Casa de repouso inventa abraço protegido que conforta idosos residentes e parentes

  • Extra/Globo
Suzane Lisboa usa a cortina para abraçar o pai, Raul Lisboa, de 89 anos - Foto: NELSON ALMEIDA / AFP
Suzane Lisboa usa a cortina para abraçar o pai, Raul Lisboa, de 89 anos - Foto: NELSON ALMEIDA / AFP

Em meio a tantas histórias tristes enquanto o novo coronavírus avança pelo país, surge algum respiro com histórias comoventes. Afastados de seus parentes durante a pandemia, alguns idosos que moram em asulos não têm a dimensão real do que está acontecendo e tendem a achar que foram abandonados. Para amenizar esse distanciamento, a casa de repouso 3i Bem Estar, que fica no Morumbi, em São Paulo, encontrou uma maneira de ofertar abraços de forma segura, usando uma grande cortina de plástico para separar as visitantes e residentes.

Suzane Lisboa foi uma das filhas emocionadas. Do outro lado do plástico estava seu pai, Raul Lisboa, de 89 anos. As enfermeiras desinfetam cuidadosamente a cortina, equipada com grandes bolsos para que o encontro aconteça. A logística e o material fornecido são do projeto Cortina do Abraço. Residentes e visitantes também devem usar luvas protetoras com mangas longas que chegam até os ombros.

Subnotificação em asilos preocupa

Um mapeamento inédito feito pelo Ministério Público estadual do Rio de Janeiro, concluído na terça-feira, revela que, desde o início da pandemia do novo coronavírus, em 87 Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs), como se chamam oficialmente as casas de cuidados para pessoas mais velhas, ocorreram 1.115 casos — sendo 759 idosos e 356 profissionais — e 105 mortes de internos por conta da Covid-19. Na capital fluminense, há asilos com 100% de idosos e profissionais com Covid-19. Outras 176 instituições que deixaram de notificar casos começaram a ser fiscalizadas pela prefeitura.

O quadro é similar em outros estados do país, com surtos entre idosos registrados em São Paulo e no Paraná. Em Londrina, o MP determinou a abertura de um inquérito policial para apurar se houve negligência na morte de oito idosos.

O confinamento em um único local, a dificuldade de isolar infectados e a fragilidade da saúde dos moradores tornaram os asilos lugares propícios à contaminação pelo coronavírus, exatamente como aconteceu nos EUA e na Europa.

Comentários
Os comentários ofensivos, obscenos, que vão contra a lei ou que não contenha identificação não serão publicados.