Índios são condenados a mais de 100 anos em regime semiaberto pela morte de policiais em 2006

  • Ana Paula Amaral
Julgamento de indígenas aconteceu ao longo da semana no Tribunal Regional Federal da 3ª Região, em São Paulo (Foto: Divulgação)
Julgamento de indígenas aconteceu ao longo da semana no Tribunal Regional Federal da 3ª Região, em São Paulo (Foto: Divulgação)

Os índios Paulino Lopes, Jair Aquino Fernandes, Ezequiel Valensuela e Lindomar Brites de Oliveira foram condenados a prisão em regime semiaberto pelo assassinato dos policiais civis Rodrigo Pereira Lorenzatto e Ronilson Bartie, mortos brutalmente na zona rural de Dourados na tarde de 1º de abril de 2006. Eles também foram julgados pela tentativa de assassinato do também policial Emerson Gadani, que sobreviveu ao ataque. O caso ficou conhecido como “Chacina de Porto Cambira”. Já o réu Carlito de Oliveira foi absolvido pelo tribunal do júri. Somadas, as penas ultrapassam 100 anos de prisão.

A sessão de julgamento aconteceu esta semana no Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF3), em São Paulo. A sentença da juíza Andréia Moruzzi foi proferida na noite de sexta-feira (07), por volta das 22h.

O júri popular foi realizado na capital de São Paulo porque a Justiça Federal considerou que os douradenses “adquiriram, ao longo dos anos, um preconceito social grave contra os índios que entre eles ou perto deles vivem”, motivo pelo qual não podem julgá-los.

Na sentença, a juíza Andréia Moruzzi condenou Paulino Lopes a 20 anos, 3 meses e 6 dias de prisão; Jair Aquino Fernandes a 26 anos, oito meses e 16 dias e Lindomar Brites de Oliveira foi condenado a 19 anos, 2 meses e 12 dias. Ezequiel Valensuela foi condenado à maior pena, de 34 anos, 10 meses e cinco dias, mas está foragido. Carlito de Oliveira foi absolvido.

O policial sobrevivente ao atentado, Emerson Gadani, também participou do julgamento, prestando depoimento que durou seis horas. Entre os fatores que motivaram a absolvição de Carlito, os jurados podem ter levado em conta o fator idade e o estado de saúde já debilitado do acusado. 

RELEMBRE O CRIME

Os réus foram julgados pelo crime ocorrido por volta das 16h30 do dia 1º de abril de 2006, na rodovia MS-156, entre a cidade de Dourados e distrito de Porto Cambira, em frente ao acampamento indígena "Passo Piraju". 

Conforme a denúncia oferecida pelo MPF (Ministério Público Federal), os investigadores do 1º DP (Distrito Policial) de Dourados Rodrigo Pereira Lorenzatto, então com 36 anos, Ronilson Bartie, com 26 anos, e Emerson Gadani, à época com 33 anos, estavam num veículo descaracterizado da polícia e foram abordados numa emboscada pelos índios, que tomaram as armas dos policiais e executaram, com tiros e golpes de faca, Rodrigo e Ronilson.

Ferido, Emerson Gadani fingiu-se de morto e conseguiu ser socorrido; ele deixou a ativa após o trauma.

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