PF prende em Dourados 5 fazendeiros acusados por ataque mortal contra índios

Ordens para manutenção de prisão preventiva foram autorizadas pelo Supremo Tribunal Federal nesta semana

Ataque deixou sete índios feridos e um morto em junho de 2016 (Foto: André Bento/Arquivo)
Ataque deixou sete índios feridos e um morto em junho de 2016 (Foto: André Bento/Arquivo)

A PF (Polícia Federal) cumpriu em Dourados, na quinta-feira (28), os cinco mandados de prisão contra fazendeiros acusados de envolvimento no ataque mortal contra índios de Caarapó em junho de 2016. As prisões preventivas foram autorizadas pelo STF (Supremo Tribunal Federal) em julgamento da 1ª Turma ocorrido nesta semana.

Leia também:

-Caarapó vive clima de guerra e índios ampliam ocupações

Os cinco homens já haviam sido presos meses após o crime, mas foram soltos em outubro passado por uma liminar concedida pelo ministro Marco Aurélio, também membro da mais alta Corte nacional.

ARMAS DE FOGO

Foi o MPF (Ministério Público Federal), responsável pela acusação, quem comunicou as prisões. Segundo o órgão, os homens presos em Dourados participaram do ataque ocorrido no dia 14 de junho de 2016 contra índios da etnia Guarani-Kaiowá residentes na Aldeia Tey Kuê, em Caarapó. As vítimas foram baleadas durante ocupação à Fazenda Yvu, vizinha da área indígena e reivindicada como território de ocupação tradicional.

"[...] os proprietários rurais e mais 200 ou 300 pessoas, munidas de armas de fogo e rojões, se organizaram para expulsar os índios à força do local em 14 de junho. De acordo com testemunhas, foram mais de 40 caminhonetes que cercaram os índios, com auxílio de uma pá carregadeira, e começaram a disparar em direção à comunidade. De um grupo de 40 a 50 índios, oito ficaram feridos e um veio a óbito", detalha o MPF.

INSEGURANÇA JURÍDICA

Também na quinta-feira, logo após ocorreram as cinco prisões, a Famasul (Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul) divulgou nota oficial por meio da qual declarou reforçar "a necessidade de uma solução imediata para a insegurança jurídica instalada há décadas no estado".

"Os produtores relacionados ao episódio possuem títulos legalmente constituídos de suas áreas, têm residência fixa, são pessoas conhecidas nas cidades onde moram e trabalham nas suas propriedades", pontuou a Federação.

Ainda de acordo com a entidade ruralista, "essa situação é vivenciada por um número expressivo de produtores rurais que, mesmo tendo adquirido suas áreas de forma legítima e com posse pacífica exercida há mais de meio século, têm seus títulos questionados e suas propriedades invadidas".

"Infelizmente, conflitos como esses resultam da falta de resposta definitiva, por parte do Poder Público, que garanta a pacificação no campo, a legalidade e a segurança jurídica", declarou a Famasul, informando ainda que "atualmente, há em Mato Grosso do Sul 123 propriedades rurais invadidas por indígenas, além de outras 5 áreas urbanas".

Comentários
Os comentários ofensivos, obscenos, que vão contra a lei ou que não contenha identificação não serão publicados.
  • souza

    souza

    Bom dia!!! Isso e um absurdo o pais esta totalmente parado, sem perspectiva de melhora a curto prazo.E ainda prende produtores rurais que e uma das principais maquinas que estão segurando as pontas do pais, índio não quer terra índio quer ser branco e isso nunca serão. Quer resolver problema de terra dos índios da amazônia pra eles viverem tem mato tem animais não vão passar fome la, e cabe todo mundo. Agora desapropriar terras produtivas pra da para índio deixa vira capoeira, e fica dia todo bebendo pinga e se matando no facção e se enforcando isso sim e absurdo. Quando eles queimam tratores, matam os animais, destroem as benfeitorias e tudo normal, e quando a revide não podem ser reprimidos!? Então vou fica louco e sai queimando carro casa só pra expressar minha insatisfação com tudo que acontece!! Cara defende índio mas não tem coragem de leva pra casa, leva pra sua casa se tem dó adota um!!! Por mim colocava tudo dentro de um caminhão boiadeiro e levava pra amazônia e uma ideia !! A mas esqueci estamos no Brasil quem trabalha não tem valor, quem e pai de família não pode escolher mais o que e melhor para os filhos , ninguém pode reagir a um assalto e se reagir vai preso por que ladrão tem direito de fazer o que quiser matar, roubar, estuprar e a de quem reagir estará oprimindo bandido kkkkkkkk!!! Triste mais e a realidade. Índio tem direito mas não da forma que fazem.

  • Justiceiro

    Justiceiro

    Sr. Cezar... identifico o mesmo discurso de ódio em seu comentário proferido por aqueles que defendem "suas terras" à bala. A começar quando vc diz "pessoas de bem", indiretamente dizendo que indígenas não são pessoas de bem; a sua primeira frase toda ela serviria muito bem para defender os índios, os verdadeiros donos de toda a terra do Gran Chaco, que corresponde a região de nosso estado e o Pantanal paraguaio, e que sistematicamente viram suas terras sendo invadidas e roubadas pouco a pouco, por meio de invasões e grilagens, justamente pelos antepassados desses que vossa senhoria hoje defende. Surpreende-me o fato de vc parecer tão informado sobre o assunto e dizer que as pessoas responsáveis por essas decisões, ignorando meses de exaustivo trabalho, "emitem opiniões sem conhecer o fato real". Não por acaso vc deve estar orgulhoso em dizer, sem qualquer prova existente, que indígenas "de outras etnias e outro País" estejam invadindo "terras alheias". Só pra resumir essa questão territorial, os indígenas, que há séculos habitam essas terras, possuem uma concepção muito diferente da minha e da sua com relação ao espaço e seus limites demográficos, e ao território. Toda a expressão cultural e o modo de vida indígena está intimamente ligada à terra, que foi de seus antepassados, que merece ser dele e que será de seus filhos no futuro.Finalizando, o que precisamos são de urgentes demarcações, para que estas questões possam diminuir, para q a justiça seja feita a ambas as partes.

  • Cezar Augusto Jordão do Amaral

    Cezar Augusto Jordão do Amaral

    Pessoas de bem tendo seus direitos tirados pela justiça, que de seus gabinetes emitem opiniões sem conhecer o fato real. Índios que vieram de outras etnias e outro País para invadir terras alheias