Revoltados com a prefeitura, educadores podem retomar greve suspensa em agosto

Reunião entre educadores e vereadores nesta manhã não resultou em avanços nas negociações com a prefeitura (André Bento)
Reunião entre educadores e vereadores nesta manhã não resultou em avanços nas negociações com a prefeitura (André Bento)

Durante reunião com vereadores na manhã desta quinta-feira (16), representantes do Simted (Sindicato Municipal dos Trabalhadores em Educação de Dourados) afirmaram que a categoria está revoltada com a postura da administração municipal. Os educadores criticam a falta de propostas concretas por parte da prefeitura e não descartam que a greve suspensa em agosto seja retomada já na próxima semana.

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No encontro de hoje os educadores reafirmaram as pautas pelas quais lutam há muito tempo. Defendem a inserção dos servidores administrativos no PCCR (Plano de Cargos, Carreiras e Remunerações) e reivindicam o pagamento do Piso Salarial para 20 horas para o magistério. 

Embora a administração municipal tenha assumido ainda em agosto o compromisso de apresentar propostas sobre essas pautas até o dia 15 de outubro, nada de concreto aconteceu. “Nesses mais de dois meses o prefeito não nos recebeu para negociar, num sinal de que não há intenção mínima de fazer um acordo”, disse João Vanderley Azevedo, presidente do Simted.

O líder sindical criticou a falta de propostas efetivas. “Fere muito a ausência de dados. Cadê as contas?”, questionou, informando que o sindicato recorreu a uma consultoria de Campo Grande como forma de se preparar para um debate mais qualificado com a Prefeitura de Dourados.

Apesar da disposição para o diálogo manifestada pelo Simted desde o início da greve, as poucas respostas dadas pela prefeitura decepcionaram. Em documento datado do dia 10 deste mês, a secretária de Educação, Marinisa Mizoguchi, apresentou propostas que não agradaram aos educadores, porque em geral estavam condicionadas a questões incertas, tais como a transferência de quase 4 mil alunos da Rede Municipal para Estadual e o recebimento dos royalties do pré-sal.

“Isso é mais do mesmo, no sentido de empurrar para frente”, pontua João Vanderley. Ele reconhece que não é fácil cumprir o Piso para 20 horas, por exemplo, mas avalia que as pautas dos educadores não são tão difíceis de atender. Conforme o sindicalista, se o compromisso da administração municipal com a categoria for transformado em lei, é possível que as negociações prossigam sem prejuízos para ambos os lados.

Segundo o presidente do Simted, na próxima semana será realizada assembleia no sindicato e uma nova greve não está descartada. “Vamos evitar uma greve? Mas o que nós podemos fazer?”. João Vanderley sugeriu uma reunião imediata com a presença do prefeito.

Esse seria um meio de mostrar à categoria que ainda existe por parte do gestor municipal alguma intenção de resolver o impasse e evitar nova paralisação das aulas. “A categoria está revoltada com a maneira que a administração municipal tem tratado a educação”, revelou Gleice Barbosa, vice-presidente do Simted.

Para a sindicalista, documento enviado pela secretária de Educação aos vereadores no dia 8 deste mês é uma “carta de intenções muito mal intencionadas”. Isso porque, num dos trechos, Marinisa cita a proximidade das eleições para diretoria do sindicato como empecilho para avanço das negociações no momento. “Qual o interesse da secretária nas eleições do Simted?”.

Ao fim do encontro, o presidente da Câmara, vereador Idenor Machado (DEM), propôs que o Legislativo convide os secretários Walter Carneiro Junior (Finanças) e Marinisa para uma reunião. A medida não agradou os educadores. “Vamos ter assembleia na semana que vem e não sabemos o que vai acontecer”, adiantou Gleice.

 

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