As cinzas da rua Francs Bourgois

  • Mazé Torquato Chotil
As cinzas da rua Francs Bourgois

Não quero falar hoje das violências ainda ocorridas nesta semana na França, mas de um passeio feito final da semana passada no bairro que se chama Le Marais, aqui em Paris, entre a Bastilha, o rio Sena e o centro da cidade onde está o centro Georges Pompidou chamado popularmente de “Boubourg”, o nome da rua de trás onde ele está situado.

Passeando sem rumo certo como costumo fazer, paro em frente do n° 39 da rua des Francs Bourgeois. Um prédio de três andares, em pedra talhada como muitos deste bairro habitado desde o século 12, depois que o pântano foi secado. Primeiro vieram religiosos e depois, no século 17, nobres, de forma que ele possui a Praça de Vosges e uma infinidade de casarões antigos, restaurados. Aliás, a lei nacional obriga a conservação do patrimônio histório segundo condições restritas.

Depois, também atividades industriais foram instaladas. E no n° 39, a empresa “Société des cendres”, Empresa das cinzas. Ela tratava o pó que sobrava quando os ourives fabricavam peças de ouro, prata ou outros materiais nobres. O lugar era portanto uma fábrica até 2002! Se trazia sacos de pó para que a empresa separasse o ouro ou a prata dos outros materiais.

A atividade industrial sendo deslocada para fora de Paris, e muitas vezes para outros paises de mão de obra barata como prega a mondialização, o lugar foi desativado e recentemente restaurado e serve agora de butique de uma marca japonesa. O paraíso das roupas. Entrei não para fazer compras, porque não precisamos de tantas coisas, um par de roupa de boa qualidade pode ser usado muito tempo.

Mas para apreciar o lugar e seu restauro. Um espaço aberto no interior dos três andares com teto transparente deixa passar uma luz natural incrível. E a grande surpresa é a chaminé que ficou, faz parte da obra. Encontrei um site[1] que fala das fábricas desaparecidas de Paris, onde o prédio é mencionado.

Depois da bela surpresa, continuando o passeio, na rua de trás, outra bela surpresa: o espaço de outro casarão, uma casa européia, de onde se vê a chaminé, é um jardim público, um verdadeiro oasis para os moradores, parisienses e turistas.

Outro dia falarei dos jardins “potager” de Paris, que este espaço também tem. Ou seja, dos espaços onde a população pode vir plantar sua tomate, sua abobrinha....

Bom final de semana !

[1] http://lafabriquedeparis.blogspot.fr/2011/09/rue-des-francs-bourgeois-de-lor-dans.html

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