Cooperativa de jovens mantém vida em vilarejo

  • Mazé Torquato Chotil
Cooperativa de jovens mantém vida em vilarejo

No começo da semana li um artigo falando de um lugarejo de 700 habitantes no interior da França onde o único comércio que existia iria fechar. Com o êxodo rural dos meados do século passado e os horrores dos supermercados construídos fora das cidades, portanto consumidores de petróleo e poluidores, eles são responsáveis pela morte dos pequenos comerciantes dos centros dos vilarejos, empurrando os habitantes, inclusive os velhos com problemas de locomoção, a se descolar por cerca de 30km para comprar os produtos de primeira necessidade.

A situação não é excepcional por aqui, de forma que a solução mereceu destaque, duas páginas do jornal Libération. Mas as coisas estão mudando.... uma experiência interessante começa: Nove jovens que fizeram belos estudos universitários, formaram um coletivo, reunidos numa cooperativa de interesse coletivo e com a ajuda do prefeito, retomaram o comércio.

Os jovens, cada vez mais numerosos por aqui, não desejam se submeter às pressões das grandes empresas sempre a procura de trabalhadores disponíveis para lhes fornecer os maiores lucros, pelos menores salários e maiores tempos de trabalho, desejam estabelecer relações mais humanas com as pessoas, os animais e o meio ambiente em que vivem.

Então, retomaram o lugar que além dos serviços tradicionais, propõe produtos locais de qualidade, quase sempre orgânicos. Também fazem refeições simples com os bons produtos, atividades para crianças, concertos, acolhem associações locais... A ideia é ter outras relações de trabalho, sair dessa ideia de sociedade de consumo, sentir a vida... de forma que esses vilarejos rurais, de população envelhecida, possam renascer! Todos ganham, inclusive os pequenos agricultores locais que têm, agora, consumidores para seus produtos. E o vilarejo deixa de ser somente dormitório e esquecido, para se transformar num lugar de vida!

Só posso dizer bravo a esta juventude que me faz lembrar os primeiros tempos da minha família no nosso sítio de Glória de Dourados, onde existia solidariedade entre os sitiantes, eles se ajudavam nos trabalhos da terra, sem pensar somente nos lucros.

Pensei no cooperativismo e na autogestão, como formas alternativas de organização do trabalho, formas que têm se desenvolvido. Li um artigo da Rede Brasil Atual falando desse tido de forma coletiva de trabalho que responsabiliza os indivíduos na produção e divisão dos lucros, todos são donos. É uma alternativa de emprego e renda.

E o que não sabia: essa economia representa 1% do PIB nacional e existe a Unisol Brasil, central de cooperativas e empreendimentos solidários, um modelo de desenvolvimento econômico, social, político e ambiental. Um jeito diferente de gerar trabalho e renda, em diversos setores, como bancos comunitários, cooperativas de crédito, cooperativas da agricultura familiar...

 

Bom final de semana e um 2017 repleto de boas coisas!

Comentários
Os comentários ofensivos, obscenos, que vão contra a lei ou que não contenha identificação não serão publicados.