Festival de cores

  • Mazé Torquato Chotil
Festival de cores

Sexta-feira, dia feriado, data nacional francesa, temos desfile no Champs Eysées. Muitos franceses já estão de férias ou partem neste final de semana prolongado. Julho é também momento de férias para os brasileiros. Portanto, pensei em uma ideia de leitura, numa imagem que me dá prazer e que registrei no meu livro "Lembranças do sítio" ilustrado pela pintora naïf Lourdes de Deus:

FESTIVAL DE CORES

O sol passa através das folhas e flores deixando marcas no chão que dançam sopradas pelo vento. Meus olhos apreciam os movimentos. No chão de areia, minha imaginação rodopia. Com meu dedo indicador tento tocar as folhas negras sobre a areia quente. Minha mãe, sentada num tamborete no alpendre, protegida do sol, tem um pano branco nas mãos.

Certamente é o saco que veio da cidade com o sal ou açúcar que depois de lavado ganhou um branco impecável e ela vai utilizar para fazer um pano de parede. Em cima dele, são colocadas as tampas de panelas que não caem porque um fio de ferro as impede, passando da direita para a esquerda.

Na mão ela tem uma agulha onde está enfiando uma linha vermelha. Ao seu lado vejo uma caixa com novelos de linha de bordado de várias cores. Ela sabe bordar o ponto cruz, o ponto cheio e nos alegra as toalhas de mesa e banho e os panos de pratos da cozinha com pássaros, flores, montanhas de trás das quais saem o sol... Tem sempre muitas cores.

Às vezes fico olhando suas mãos ágeis que pouco a pouco com o auxílio das linhas dão vida a pombos e passarinhos de espécies que nunca vi. Escuto bastante os sons deles, mas nem sempre os vejo. Eles são rápidos, gostam de comer frutas das árvores do pomar. Também não conheço bem seus nomes. Andorinha, Anum, Pássaro Preto...

Bom final de semana!

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