Fortaleza cearense

  • Mazé Torquato Chotil
Fortaleza cearense

O vento balança a toalha de flores brancas e azuis que cobrem esta mesa do espaço café da manhã desta pousada de beira mar de Fortaleza. O Sol do dia alcançará mais de 30 graus segundo as previsões que ouvi ontem. O prédio deve ser do começo do século, e este espaço de café da manhã, protege-nos do sol. Uma espécie de varanda onde mesas de madeira encostadas nas paredes oferecem, sobre toalhas com as mesmas flores, às pessoas de passagem, o café, sucos, pães... Lá na frente delas, no espaço central da peça, quatro a cinco mesas disponíveis aos visitantes.

A televisão, como em muitos lugares do Brasil, ligara em permanência. Me ligo nas notícias locais, me delicio com o sotaque do lugar, as particularidades regionais, encontro pontos da cultura de meus pais. Tapioca com manteiga ou queijo, cultura de tantos nordestinos que conheci na minha Glória de Dourados onde aquele senhor que não me lembro mais do nome, de chinelas havaianas nos pés, chapéu de palha de abas largas, roupas simples, porém limpíssimas, andava de cima para baixo da avenida principal (ainda andará?), na hora do lanche das tardes, propondo suas tapiocas. Naturais, com coco... tinha-as numa bacia de alumínio que brilhava, certamente o trabalho de sua esposa. Nela, via-se as tapiocas que estavam cobertas de um pano de prato impecável!

Lá fora, a praia e o mar. O lado esquerdo, direção do centro. Lado direito, quilômetros de praia e de ciclovia. Nesta última, muitas bicicletas com gente pedalando e fazendo exercícios. No calçadão, gente corre, nas duas direções. O sol nesta hora do dia já é forte, porém o momento ideal. Muitos são de idade, passando do peso, devem ter entendido a importância do exercício físico para a saúde. Que boa coisa! As barracas, ainda fechadas da ressaca da noite anterior, dará logo mais início as preparações do dia, do almoço ou das cervejas que podem ser bebidas olhado para o mar. Muitos vendedores com carinho, camelôs virão mais tarde. Um vendedor de picolé, de bicicleta, tem sua caixa de isopor atrás, e de um dos lados, abaixo da caixa, na trazeira, um recipiente para o lixo. Uma pessoa dorme esticado na areia da praia, sob a sombra de um arbusto. A areia esquentando deve chamar sua atenção nas próximas horas.

Prédios altos na beira do mar. Muitos de seus apartamentos devem estar fechados esperando disponibilidade de seus donos. Custos fixos que nem todos podem se dar ao luxo. Muitos hotéis e pousadas, forma de compartilhar moradia, mas não vejo tantos turistas. Será que funciona o ano todo? Sol o ano inteiro existe por aqui para se curtir. E atividades culturais? Não me dou conta do que existe.

Passeio no centro, imediações do mercado municipal, do Sesi, da biblioteca em restauro. Prédios do começo do século passado, preciosidade de uma cultura, de memórias de uma época, que deve ser mantidos, sem que todos reconheçam esta importância face ao interesse de ganhar dinheiro, de ser “moderno”.

Até, Fortaleza!

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